sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Só feras no Niver do Joãozinho: Tignanello 2010, Imperial Gran Reserva 2008, Font de La Figuera 2008, Promis Ca'Marcanda 2009, Antis 2008, Mas La Plana 2009 e um Vin Santo Castello di Brolio para arrematar!

Nessa semana nosso querido confrade Joãozinho completou mais uma safra, e para celebrar, descorchamos boas garrafas. Boas não seria bem a definição, eu diria ótimas! 
Vou começar por uma maravilhosa, levado pelo Paulinho, que sempre pega muito pesado. Era um Tignanello 2010. Aqui o negócio pega. O Tignanello disputa com o Sassicaia o posto de precursor dos famosos supertoscanos. No entanto, embora a família Antinori já fizesse experimentos há tempos com uvas francesas, o Sassicaia foi lançado em 1968, enquanto o primeiro Tignanello em 1971. Mas a discussão ainda existe. Vejam trecho extraído da página da Antinori, sobre o Tignanello: "E' stato il primo Sangiovese ad essere affinato in barrique, il primo vino rosso moderno assemblato con varietà non tradizionali (quali il Cabernet), e tra i primi vini rossi nel Chianti a non usare uve bianche". Controvérsias à parte, trata-se de um vinho históricoE este 2010 tem ainda nas costas o carimbo de uma bela safra na Itália. Bem, antes que venham me dizer que estava novo, que matamos um vinho novinho etc..., devo dizer: Não estamos nem aí! Somos adeptos daquele ditado: "Melhor um ano antes que um dia depois". No caso, não foi bem um ano antes...rs. Foram muitos, pois este Tignanello teria anos de vida pela frente. Mas já agora, mostra o quanto é grande. O danado é um corte de 80% Sangiovese, 15% Cabernet Sauvignon e 5% Cabernet Franc, produzidas no vinhedo homônimo. Matura 12 meses em barricas. Ao nariz é muito complexo, com notas de cerejas pretas, cassis, alcaçuz, chocolate amargo, minerais e um defumado bem charmoso. Com o tempo vão surgindo notas mentoladas muito elegantes. Em boca repete o nariz e mostra grande intensidade e elegância. Destaque para o defumado e a mineralidade. A acidez é perfeita e os taninos muito sedosos. É vinho de grande persistência. Apesar de novo, mostra-se perfeitamente apreciável. No entanto, tem longa vida pela frente e deve ganhar muito com alguns anos em adega. Vinhaço! Grazie mile, Paulinho!
O anivesariante também pegou pesado. Levou um belíssimo Imperial Gran Reserva 2008, da riojana CVNE. Bem, é chover no molhado falar sobre este vinho. Vários irmãos dele, de outras safras, já nos deram muito prazer e apareceram aqui no blog. Este 2008 foi a  primeira vez, e como não poderia deixar de ser, confirmou a qualidade. Como o mais recente que havíamos bebido era um 2007, deu para ver bem a diferença entre eles. Este 2008 fica entre um 2007, mas cítrico e fresco, e o grande 2004, ganhador como vinho do ano da Wine Spectator tempos atrás, que é mais cheio, mais tostado. O vinho tem aromas de cerejas, caramelo, tabaco e cítricos, com um fundo de madeira muito bem integrada. Em boca mostrava toda a elegância da linha, ótima acidez, taninos corretos e final muito longo. Uma beleza! É daqueles que evaporam rapidinho da garrafa. Xodó de nossa turma, terá sempre lugar garantido em nossas taças.

Eu levei o único sulamericano da noite, e era um Antis 2008, vinho top de gama do produtor William Févre no Chile. O vinho é um corte em proporções idênticas de Cabernet Sauvignon, Cabernet Sauvignon e Carmenére. Ao nariz é bastante aromático, floral e com notas de cassis e framboesa, em meio a tabaco e pimenta. Em boca é amplo, com ótima acidez e taninos redondos. Tem que ser aberto com antecedência, pois é nervoso e demora um pouco para amaciar. Uma horinha de decanter, pelo menos. Um chileno de classe, andar de cima, que lembrou-me o Montelig, de Von Siebenthal. 
O nosso amigo Rodrigo levou um espanhol de muita classe, que já foi comentado aqui. Portanto, nem vou gastar muitas linhas. Era um Mas La Plana 2009, Cabernet Sauvignon de primeiríssima feito pela vinícola Torres. Mas tenho que reforçar a elegância deste vinho e dizer também que esta garrafa parecia estar ainda melhor que a primeira que o Rodrigo levou. Cabernet Sauvignon de primeira linha!
O Paolão, que recentemente parece ter adquirido um carinho especial pelo Priorato, levou um ótimo Font de la Figuera 2008, segundo vinho do grande Clos Figueres. Mas é um segundo nervoso...rs. Também pudera: É produzido sob a batuta do grande René Barbier, em parceria com Christopher Cannan. É feito com Garnacha (60%), Cariñena (10%) e partes iguais de Syrah, Cabernet Sauvignon e Mourvédre. Vinho super sedutor ao nariz, com notas florais e de ervas frescas (destaque para a sálvia) em meio à fruta madura (framboesa) e notas minerais. Em boca é amplo e fresco, com acidez balsâmica e taninos sedosos. O final é longo e especiado. Uma delícia de vinho! Comprova toda a força do Priorato e a qualidade de seus vinhos. Tem ainda anos de vida pela frente. Esse já foi, em ótima hora...rs.
O JP levou um vinho de Angelo Gaja, produzido na Toscana: Promis de Ca'Marcanda 2009. É feito com Merlot (majoritária), Syrah e Sangiovese, de vinhedos de baixa produção da região de Bolgheri. Ao nariz mostra notas de amoras maduras e cereja preta, em meio a alcaçuz e chocolate. Em boca repete o nariz e mostra muita sedosidade. A maturação em barricas usadas faz com que a madeira não deixe marcas. Destaque para sua elegância e maciez. Difícil não agradar. Muito gostoso!
Bem, e para arrematar a noite com muita classe, um Vin Santo Castello di Brolio 2003, levado pelo Caião, que já nos havia brindado com um destes anos atrás (clique aqui). Como já pintou por aqui, não vou gastar muitas linhas. Mas não posso perder a oportunidade de elogiar este vinho, com suas notas deliciosas de damasco seco, nozes, mel, caramelo, café e tabaco. Delicioso e perfeito com queijos azuis e sobremesas (tortas de pêssego, de laranja, pastiera di grano etc. Chocolate não...). Vinhão!
Aniversário muito bem celebrado, hein Little John? Felicidades, meu amigo!
A turma reunida... Vinhaços!


2 comentários:

  1. Covardia hein. Tignanello, que saudade desse vinho, bebi duas vezes, mas foi ficando muito caro, não estou podendo mais comprar esse vinho, que pena. Grande noite hein?

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    1. Grande Hélio!
      Realmente o Tignanello é um grande vinho, não? Mas como você disse, com preço bem salgado. Até lá fora tem subido bastante. Uma pena. Do jeito que está, temos que ficar com seu irmão menor, o Villa Antinori.
      Abraços,
      Flavio

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