A noite era quente e meu amigo Akira me desafiou para beber uns brancos de responsa. Fazia um tempo que ele ameaçava beber este E.Guigal Condrieu La Doriane 2014 sem me chamar. E se eu bobeasse, ficaria sem apreciar esta beleza de vinho. O Akira queria deixar ele mais tempo na adega, mas eu sempre lhe disse que Condrieu deve ser bebido jovem. E todas as experiências que tive me confirmaram isso. Essa preciosidade de E.Guigal já seduz pelo rótulo. Mas pega mesmo é na cor, aromas e riqueza no paladar. A cor é belíssima, dourada (taça da direita na foto abaixo), e os aromas riquíssimos de flores, pêssego branco, especiarias e leve favo de mel. Em boca, ótimo frescor, muita finesse e maciez, com final longo e com toques de anis e favo de mel. Vinho de estirpe, dos grandes, que foi bebido na hora certa. Não ganharia com mais tempo em adega. Eu, particularmente, não deixo Condrieu envelhecer. Mando logo! Este La Doriane é considerado um dos "tesouros" de E.Guigal, ao lado de outro Condrieu, o Luminescence. Sempre arrebata notas altas e muitos elogios da crítica. Este 2014 teve 96 de Mr. Parker e 95 da WS. Opiniões coincidentes, para um grande e merecedor vinho.
E eu não podia fazer feio. Mas queria levar algo de outro estilo. Não queria levar um outro branco francês. Aí, resolvi levar um Aristos Duquesa Chardonnay 2008, que estava em minha adega há um bom tempo. Só por curiosidade, este vinho ganhou elogios rasgados da Decanter nesta safra (que foi a segunda), arrebatando a nota máxima (20 em 20 pontos). Aí, atiçou minha curiosidade, pois disseram que lembrava muito um grande borgonhes. E depois de comprá-lo, li no blog do Eugênio as suas impressões sobre ele, que não me animaram. O Eugênio, expert e apreciador de brancos, disse que o vinho era pesado, madeira saliente, côco, manteiga evidentes. Isso me deixou preocupado, pois são características que não me agradam. Bem, e o que vimos na taça? Além de uma bela cor, aromas de uvaia, leve abacaxi, madeira na medida e notas minerais muito agradáveis. Em boca, ótima acidez, vibrante, nervosa, e final muito longo e mineral. Uma beleza de vinho! Mas e as características que o Eugênio havia falado? Pois é... Na hora, elas não apareceram, mas como sobrou um pouco do vinho, levei para casa e apreciei no outro dia. E para minha surpresa, quando bebi, lembrava cada descrição do Eugênio. Mudou completamente, e no sentido contrário ao meu gosto. Como explicar? Bem, cada garrafa é uma garrafa, e pode ser que a do Eugênio tivesse adiantado a sua evolução, que provavelmente, a minha alcançou "forçosamente", de um dia para o outro (o que aconteceria também na adega, mas em tempo bem mais longo). O fato é que pude beber "dois vinhos" distintos, e gostei do que bebi logo ao ser aberto, que estava excelente, lembrando mesmo um belo borgonha.
A propósito, este vinho tem produção muito pequena (apenas duas barricas) e é feito pelo parceria de Louis-Michel Liger-Belair com os grandes enólogos chilenos François Massoc e Pedro Parra. Seu preço é bem salgado, infelizmente. Meu amigo Vinicius, o "Rei do Pão", me trouxe do Chile e mesmo lá, é facada. Valeu pela curiosidade, pois pelo preço, vou nos borgonhas, sem dúvida alguma! Mas uma coisa é certa: Em questão de Chardonnay chileno é outro patamar! Passa por cima fácil nos que já bebi em questão de presença e estrutura.
À esquerda, o Aristos, e à direita, a bela cor brilhante do La Doriane. |
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