Os húngaros Tokaji são alguns de meus vinhos de sobremesa prediletos. Nada como terminar um bom almoço ou jantar com uma bela taça de Tokaji acompanhando uma bela sobremesa. É fechar com chave de ouro! Ou então, beber acompanhando uma bela fatia de Saint Agur ou Foie Gras. Que maravilha!
Já comentei aqui no blog sobre alguns que apreciei (Dereszla 5 Puttonyos 1993 e Szamorodini 2004). Antes de tratar deste Tokaji Hétszolo 3 Puttonyos 2000, vou só lembrar brevemente algumas coisas (já batidas...) sobre os Tokaji. Primeiramente, Tokaj é a cidade e Tokaji o vinho. Há Tokaji secos, mas os mais famosos são os doces, feitos com uvas atacadas pelo fungo filamentoso Botrytis cinerea. Portanto, é "o" Botrytis, não "a" Botrytis, como as vezes dizem por aí. Aliás, alguns chamam a (levedura) Brett (Brettanomyces) de "o" Brett... Bem, voltando aos Tokaji, já escrevi aqui sobre um Szamorodini (link acima), que é feito com cachos inteiros contendo uvas botrytizadas e não-botrytizadas. Os Aszú (como são chamados os bagos botrytizados) são feitos apenas com bagos botrytizados, que são selecionados, esmagados e o mosto (chamado pasta aszú) é macerado com o vinho base. O mosto é novamente prensado e fermentado em barriletes de carvalho húngaro por meses ou até anos. A maturação total pode durar de 3 a 8 anos para os aszú e até 15 anos para os Eszencia, que são feitos apenas com o néctar proveniente do mosto, sem mistura com o vinho base.
Puttony (http://www.antikea.hu) |
A classificação dos Tokaji é feita de acordo com a quantidade de aszú adicionada a 136 litros de vinho base. Os bagos aszú são acondicionados em cestos de madeiras chamados Puttonyos. Cada Putonny (figura) comporta cerca de 25 kilos de aszú. Ou seja, um Tokaji 3 Puttonyos teve 3 cestos de aszú (~75 kilos) adicionados ao vinho base, e assim por diante. Um Tokaji 6 Puttonyos teve 6 cestos, ou aproximadamente 150 kilos de aszú adicionados ao vinho base.
E não é por que é Tokaji, que é bom. Há de se escolher o produtor, assim como os Sauternes. Nomes como Oremus (Vega Sicilia), Royal Tokaji), Disznókö, Hétszolo, Királydvar e Pajzos são referências.
E voltemos a este que mostro na foto e que apreciei dias atrás. É um Hétszolo 3 Puttonyos 2000. Vinho caramelado, com notas de mexerica, damasco seco e um fundinho de gengibre. Tudo isso, em meio à uma acidez perfeita, que não o deixa nem um pouco enjoativo. Vinho do começo da pirâmide dos aszú, e já muito bom! Delicioso!
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