
Sou suspeito quando comento sobre os vinhos da CVNE (Compañia Vinícola del Norte da España). Gosto muito deles. São raras as vezes nas quais não fiquei contente quando apreciei um de seus vinhos. E quando o negócio é o Imperial Gran Reserva, fica ainda mais difícil não gostar. Adorei o 1998 e gostei muito quando provei os de 1999 e 2001. E recentemente, fiquei muito feliz com o fato do Cune Imperial Gran Reserva 2004 ter faturado o primeiro lugar na lista dos Top 100 da Wine Spectator. Sempre achei que os espanhóis são injustiçados pela revista. Bem, é claro que sei que o fato dele ter faturado o primeiro lugar não quer dizer que seja o melhor vinho do mundo. É o melhor do ano para a revista, dentro de seus critérios, que incluem, além da qualidade, o preço, a disponibilidade no mercado americano e o tal do X-Factor, que utilizam para expressar a excitação (?) causada pelo vinho. E sem dúvida alguma, dentre os mais de 20.000 vinhos avaliados, é um grande (e merecido) feito para a CVNE ter o Imperial Gran Reserva 2004 como primeiro.
Mas vamos ao vinho. Ele é feito com Tempranillo (85%), Graciano (10%) e Mazuelo (5%). A fermentação é realizada por leveduras nativas e a crianza é feita em barricas de carvalho americano (70%) e francês (30%), por 3 anos. A clarificação é pelo modo tradicional em Rioja, utilizando clara de ovos. O vinho tem cor mais escura que a maioria dos Riojas. Ao nariz, mostra notas de ameixas, cereja preta, alcaçuz, tabaco e baunilha, em meio a um tostado gostoso e notas balsâmicas. Em boca, repete o nariz, é mineral e mostra ótima acidez. Aquele toque de casca de laranja se faz presente. É um vinho cheio, untuoso, intenso e com um final muito longo e especiado. Os taninos são firmes e devem ficar ainda mais redondos com os anos. É vinho com austeridade e elegância. Uma beleza engarrafada! Apesar de já ter um leve precipitado, parece novo e aponta para uma longa vida. Quero beber outra garrafa deste danado daqui a uns anos para sentir a sua evolução, que deve ser muito boa. Não farei nem responderei a pergunta: -É bom mesmo para ser o primeiro da lista? Só digo o seguinte: Independente de lista, dos 95 pontos que ele ganhou, de ser o preferido do Rei etc, é um vinho que sempre quero ter na adega. Vinhaço!
A propósito, se ele já era bom, ficou melhor ainda, pois foi apreciado com meu grande amigo Márcio, que me deu a honra da visita nesse domingo. Vinho bão, bebido com um grande amigo, fica bão demais! E o danado escoltou magistralmente um pernil de leitoa caipira que assei por longas horas no fogão à lenha, devidamente pururucado (na manha, sem uso de óleo quente etc), fatiado, banhado na manteiga de sálvia e acompanhado de purê de maçã. E ainda tinha uma picanha de javali para arrematar...rs. Eu gosto muito de Rioja com carne de porco.