segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Em nossa reunião de final de ano, só cachorro grande: Champagne Perrier-Jouet Cuvée Belle Epoque 2004, Georges Vernay Condrieu Coteau de Vernon 2007, Gevrey-Chambertin 1er Cru Denis Mortet 2005, Valbuena 5 Año 2008, Brunello Cappana Riserva 2007, Pintas 2009 e um Ben Rye 2006 para arrematar!

Nossa reunião de final de ano da confraria foi daquelas... Fizemos lá no Restaurante Chez Marcel, onde o Chef Bart esbanjou na qualidade e quantidade. Começamos cedo, e as 19h00 já tinha comida na mesa e vinho na taça. A comida, estava divina. Entradas de dar água na boca: Ostras, Camarões, Vieiras, Mariscos, Salmão defumado com crosta de gergelim, Terrine de Coelho, Salada de Brie com mel e presento cru e aí vai. Não sei como ainda conseguimos apreciar os pratos principais. Aliás, eu e alguns colegas ficamos só em um, deixando de lado um belo Coelho... Realmente foi de primeira. Merci beaucoup, Chef Bart! Bem, e para escoltar tudo isso, vinhos grandiosos. E quando digo grandiosos, não exagero. 
Para começar, um Champagne Perrier-Jouet Cuvée Belle Epoque 2004. Aqui o negócio não é só beleza do rótulo. Há tradição e muita qualidade de uma Maison que produz Champagne desde 1811. O vinho era floral, cítrico e com notas de pêssego, pêra e marzipan. Em boca mostrava bela acidez, mineralidade, grande intensidade e cremosidade. Uma beleza! Idéia e execução do Tonzinho. Ah, notem que não falo de perlage. Não ligo prá isso.
Depois deste "champagnão", partimos para o melhor branco que bebi este ano: Georges Vernay Condrieu Coteau de Vernon 2007. Já comentei aqui no blog sobre um irmão "menor" dele aqui no blog (clique). E se já tinha ficado impressionado com o primeiro, agora babei. E não foi só eu o babão. Meus confrades também o elegeram o melhor da noite. E olha que, em meio a tantos vinhões, eleger um é coisa difícil. Mas este estava realmente demais. Ele mostrava tudo que a Viognier pode render no norte do Rhone. O vinhedo Coteau du Vernon, de apenas 2 hectares, fica bem no centro da denominação Condrieu, e de suas vinhas de 60-80 anos de idade a vinícola produz, de forma orgânica, o seu mais concentrado Condrieu. A maturação é feita com as borras, em barricas de carvalho (25% novas) por 12-18 meses, com agitação esporádica. O vinho é de uma riqueza difícil de descrever, tanto ao nariz, quanto em boca. Seus aromas florais e de frutas como o pêssego, se misturam a notas amendoadas e um fundinho de mel. Em boca repetia o nariz e tinha acidez corretíssima e um final interminável. Uma maravilha de branco. Todos ficaram lamentando quando as duas garrafas se evaporaram. Recomendadíssimo! Era importado pela Grand Cru. Não sei se ainda é.
E saímos deste brancão de estirpe para um outra francês, agora da Borgonha, o Gevrey-Chambertin 1er Cru Denis Mortet 2005 (terceiro à direita, na foto acima). Outro produtor dos bons e outro vinho maravilhoso. Olha, eu não mando um "maravilhoso" para qualquer vinho... Tem que mostrar adjetivos. E este, mostrou muitos. A própria vinícola, que produz uma boa gama de vinhos, considera este 1er Cru o mais charmoso de seus vinhos. E apesar de ter longo potencial de guarda, sugerem que pode ser apreciado mais novo. Este, com os seus quase 9 aninhos, estava belíssimo. Suas notas de amoras e cereja preta se mesclavam perfeitamente com notas especiadas (alcaçuz e com o tempo, canela). Em boca era denso, mas elegante ao extremo, e com ótima acidez. O gosto do vinho nunca sumia da boca. Um vinhaço! Outro recomendadíssimo. Importação: Worldwine.
Partimos então para o Pintas 2009, da Wine and Soul (último à direita, foto acima). O duriense é feito sob a batuta do casal Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva. Eu, particularmente, sou fã dos vinhos do casal e sinto saudades dos bons papos que tinha com o simpático Jorge nos Encontros Mistral, quando seus vinhos ainda eram importados pela empresa. O Pintas 2009 é um vinho muito premiado, e considerado um dos melhores da safra pela crítica portuguesa. É vinho de produção pequena, feito com uvas de vinhas velhas (de quase 80 anos de idade), e pisa a pé. Sua cor é escura, quase impenetrável, e seus aromas florais e de fruta bem madura (mirtilo e cereja preta) se mesclam a kirsch, alcaçuz e cacau. Em boca repete o nariz, é mineral, especiado e muito denso, daqueles de mastigar. É muito elegante e com final muito longo. O pessoal estranhou o vinho e o deixou meio à margem dos outros. Um pecado, claro. É um vinhaço, que implorava comida mais pesada. Nem as entradas, nem os pratos principais faziam frente à sua potência. Eu ainda tenho uma garrafa dele e quero me esbaldar daqui a uns anos. Importação: Adega Alentejana. 
E já que estamos falando em potência, lá vai outro: Brunello de Montalcino Capanna Riserva 2007. Recentemente pintou aqui no blog seu "irmão menor", o "não riserva", levado pelo Caião (clique aqui). Aliás, este também foi providenciado pelo Caião. O vinho matura quatro anos em botti e mais um em garrafa antes de ser comercializado. Obviamente, pela sua idade, estava fechado no início e só se mostrou após umas 2 horas de decanter, com muita riqueza. Ao nariz mostra notas cítricas e de frutas silvestres, em meio a chá, folhas secas e alcaçuz. Em boca repete o nariz e tem uma belíssima acidez, em meio a taninos bem presentes. A madeira é muito bem integrada e o final, longuíssimo. É Brunello tradicional, distinto de muitos levados pelo modismo. O problema aqui é a idade do vinho. Muito novinho! Embora tenha dado alegria, é vinho para muitos e muitos anos. Pelo menos mais uns 3 anos de adega seriam necessários para curtí-lo melhor. Quero beber um mais velhinho destes. Se você tem paciência, compre um deste, ou mesmo um normal, e guarde. Terá um grande vinho para apreciar daqui a uns anos. Importação: Viavini.
O vinho seguinte, em garrafa magnum, dispensa maiores apresentações. Era um Vega Sicilia Valbuena 5o Año 2008. Não encontrei a ficha técnica dele no site da Vega, mas o que é conhecido é o seu envelhecimento por menor tempo que seu irmão maior, e mais Merlot no corte, dominado pela Tempranillo. O vinho tinha notas de cerejas e ameixa, em meio a baunilha, tabaco e couro. Nariz mais fresco, de vinho novo ainda, com bons anos pela frente. Em boca era sedosidade pura, marca da Vega Sicilia, e com ótima acidez. Bem, não preciso escrever mais, o carimbo Vega Sicilia dispensa. Vinhão! Importação: Mistral.
E para finalizar, um belo Passito de Pantelleria de Donnafugata, o Ben Rye 2006. Já bebemos este vinho, que é uma beleza. Notas de passas, doce de casca de laranja da terra (gente mais nova não conhece muito), tabaco, especiarias e outras tantas. Muito rico! Em boca é denso, para poucas taças, e foi par perfeito para o pudim de panetone feito pelo Bart.
Grande noite fechando o ano! Isso aí, confrades!


A turma reunida... Quanto vinho bão!


Rose e Chef Bart - Responsáveis pelo belo cardápio da noite



2 comentários:

  1. Até perdi o fôlego, tamanha qualidade, não está no meu extrato social esses vinhos tão caros, embora por sorte tenha algumas coisinhas q consegui em verdadeiras pechinchas como o casa ferreirinha reserva especial 1997 e um chateauu Pontet canet 2002 que acredito estejam prontos para beber o quanto antes, grande abraço, sempre uma aula, sempre um prazer ler as postagens e me deliciar com as descrições, bom ano novo pra vc e a confraria, deste seu fã aqui de Brasília.
    Hélio Teixeira.

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    1. Caríssimo Hélio!
      Muito obrigado pelo gentil comentário de sempre, meu amigo! Realmente foram grandes vinhos. Bem, como diz um amigo meu aqui, pelo preço, eles tem obrigação de ser bons...rs. Olha, este Ferreirinha Reserva Especial 1997 que você tem é uma raridade. Foi sem dúvida um dos melhores vinhos portugueses que eu já bebi. Para mim, melhor que alguns Barcas que bebi. Um vinhaço! Tem um amigo que bebeu um recentemente e sentiu que ele já está no ápice. Talvez seja a hora de você mandar ver no saca-rolhas...rs. Que beleza! Eu bebi um 2003 recentemente e te falo sem a menor dúvida: O 1997 estava muito melhor. Quanto ao Pontet Canet, já deve estar pronto também, e acredito que te dará muito prazer também.
      Muito obrigado pelos votos de feliz ano novo, aos quais retribuo com o desejo de que tenha um 2014 cheio de saúde e paz... O resto, o Usain Bolt corre atrás...rsrsrs.
      Grande abraço,
      Flavio

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