Essa reunião da confraria também foi daquelas... Só vinhão, sem exceção!
Prá começar, um belíssimo branco para abrir os serviços: Chateau de Puligny-Montrachet Saint-Aubin 1er Cru "En Remilly" 2008, levado pelo Paolão. Impressionou este vinho! Aromas deliciosos de pêra e anis, em um fundo mineral nervoso. Em boca, destaque para sua grande mineralidade e acidez vibrante. Teve gente que perguntou: "Caramba! É da Borgonha ou do Loire?". Um grande branco, com 8 anos que nem mexeram com sua força. Teria mais um monte deles pela frente. Delicioso!
Entrando nos tintos, um belíssimo vinho da Alentejana Monte do Pintor: Escultor 2007! Ele, que é o vinho top da vinícola, foi levado pelo Paulinho, o Rei dos Portugueses, claro... Eu estava curiosíssimo para beber este vinho, pois só conhecia os outros vinhos do produtor, incluindo, um que acho ótimo, o Monte do Pintor Reserva. Mas o Escultor consegue ficar ainda acima. É feito apenas em anos excepcionais, com Trincadeira, Alicante Bouschet e Alfrocheiro. Esta era a garrafa n. 212 de apenas 3.450 produzidas. É um vinho superlativo! Aromas ricos de frutas maduras, especiarias doces e chocolate. Em boca, denso mas com ótima acidez, que lhe aportava muito frescor. O vinho é mais seco que muitos alentejanos. O final, longuíssimo. Gostei demais do vinho! Não é só a garrafa que é grande, o vinho também!
O nosso confrade Rodrigo também pegou pesado e levou um Brunello di Montalcino Castiglion del Bosco 2010. Já apreciamos alguns desta safra maravilhosa, mas este é o primeiro relatado aqui no blog. E ele mostrou por que a safra gerou grandes Brunellos. É um vinho rico em aromas de cereja ao marrasquino, couro, alcaçuz e leve tabaco. Em boca, apesar de jovem, já se mostra apreciável, com bela acidez e taninos marcantes, mas que nada incomodam. O final é longo e com notas de couro e alcaçuz. Uma beleza de Brunello, que faturou 94 pontinhos da WS. Se for beber, decanter no danado, claro.
O Thiago levou um californiano, do Napa Valley: Fraternity Four Sons 2010, da Baldacci Family Vineyards. É um blend de Cabernet Sauvignon, Syrah e Merlot, que parece ter recebido umas pitadas de Malbec e Cabernet Franc. A partir de 2013 tiraram a Syrah... Bem, de qualquer forma, é um vinho que lembra o estilo bordalês. Tem aromas de licor de cassis, amoras, chocolate e especiarias. Em boca mostra extração, mas equilibrada por boa acidez e taninos firmes. Está novo ainda, e mostra grande potencial de envelhecimento. Bom vinho.
O JP não ficou atrás e levou um ótimo Quinta do Roriz Reserva 2005. Vinho clássico do Douro, que nessa safra ainda não pertencia à familia Symington. Foi feito com Touriga Nacinal, Touriga Franca e Tinto cão. Deu um sustinho ao ser aberto, como se já estivesse indo... Mas não! Ainda está perfeito. Mas acho que não tem muitos anos pela frente. Ao nariz mostrou notas de kirsh, alcaçuz e chocolate amargo. Em boca mostrava fruta em meio a tabaco e alcaçuz, com um final longo e especiado. Um ótimo vinho, já senhorío, que acompanhou muito bem carne grelhada.
E para finalizar, o vinho que levei: Chateauneuf du Pape Tardieu Laurent 2005. Não se engane com a palavra negociants no rótulo de baixo... Mesmo por que, o fato de ser negociant não quer dizer que não possa produzir vinhos de grande qualidade. A Maison Tardieu-Laurent foi estabelecida em 1994 e é uma parceria de Michel Tardieu e o borgonhês Dominique Laurent. Ou seja, tem que vir coisa boa. Eles não produzem uvas, tampouco as compram. Na verdade, compram vinhos de produtores ao longo do Rhône, promovem a maturação e o blend. A produção é pequena - Não mais que 20 barricas (geralmente 6-12) são produzidas de cada vinho. E os vinhos têm ganhado reconhecimento internacional, com grandes elogios da crítica. Este CdP que levei é o de entrada da Maison, e é feito com 80% Grenache e 20% Syrah. É um vinho com aromas de frutas silvestres, confeitadas, chocolate e alcaçuz. Ao ser aberto, a fruta é discreta, mas com o tempo ela vai se mostrando e o vinho fica muito equilibrado. Um belo Chateauneuf-du-Pape!
Como vocês podem observar, não teve zurrapa na noite... Coincidentemente, o Caião não levou vinho...rs.
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