quarta-feira, 4 de abril de 2018

Gravner Ribolla Gialla Anfora 2005: Que vinhaço!!!

O esloveno Josko Gravner produz grandes vinhos na região de Friuli-Venezia Giulia, Norte da Itália. São tintos e brancos espetaculares. Os dois tintos que apreciei dele eram realmente sensacionais (clique aqui). No entanto, acho que ele é mais conhecido pelos seus vinhos chamados "laranja", brancos fermentados por longo tempo em ânforas de terracota juntamente com as cascas e que desenvolvem uma coloração alaranjada. Os vinhedos de Gravner ocupam uma pequena área de apenas 18 hectares, sendo alguns, na sua pátria, a vizinha Eslovênia. Ele pratica a produção chamada "natural", com pouca intervenção, utilizando as leveduras presentes na própria fruta, cultivo de vinhedos sem pesticidas e sem uso de conservantes. A fermentação deste Gravner Anfora Ribolla Gialla 2005 foi feita em ânforas da Geórgia mantidas enterradas no solo. A maceração é longa e sem controle de temperatura. Depois da separação do vinho do debris ele é devolvido para as ânforas, onde passa mais 5 meses antes de entrar na fase de maturação em barricas de carvalho, o que ocorre por longos 4 anos. O vinho é engarrafado em garrafas escuras, sem filtração. A cor deste Ribolla 2005 era algo incrível! Alaranjado brilhante, dourado, muito límpido. Os aromas eram incríveis, florais, de damasco,  abacaxi, cardamomo, frutas secas, cítricos e minerais. Mudavam a cada minuto na taça. Em boca, repete o nariz e mostra acidez vibrante e mineralidade. O final era interminável e com notas de damasco, amendoado e cardamomo. Uma maravilha de vinho! Intenso, com grande estrutura, fresco, mineral e com grande persistência. É daqueles que a gente chora quando acaba. É para ser apreciado como os grandes Tondonia, de Lopez de Heredia, ou seja, devagar e não muito gelado. Como pode ser visto pela forma de produção, a chance de ocorrer um "desastre", sem uso de conservantes, é grande. Mas a habilidade do produtor é grande, e seus vinhos são verdadeiras obras de arte. Isso tudo, claro, reflete em seus preços, que costumam ser salgados. Mas trata-se de vinhos realmente notáveis e que não podem deixar de ser apreciados por bebedores de bom gosto. É, para mim, juntamente com o Trebbiano d'Abruzzo Valentini, destaque total entre os brancos italianos. Aliás, me arrisco a dizer que figura entre os melhores brancos do mundo. 




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