Nesta última reunião da Confraria do Ciao comemoramos o retorno de nossos confrades Paulão e Tom, que estavam viajando com suas famílias. A lista de vinhos foi de babar! Preparem-se...
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Mineralidade! |
O primeiro a ser descorchado foi o espanhol do Priorato Vall Llach Embruix 2005, levado por este que vos escreve. Eu gosto muito dos vinhos do Priorato, que têm muita personalidade, são concentrados e possuem bela mineralidade. Vall Llach é uma vinícola relativamente nova, criada em 1990. Seus primeiros vinhos foram lançados em 1998 e desde lá, têm acumulado prêmios e elogios da crítica especializada. São apenas 3 vinhos produzidos: Embruix, Idus e o top Vall Llach. O Embruix é feito com uvas de videiras mais jovens e têm uma crianza de 14 meses em barricas francesas levemente tostadas, de segundo e terceiro uso. O corte é 38% Garnacha, 26% Cariñena, 15% Cabernet Sauvignon, 15% Syrah e 6% Merlot. É um vinho muito rico, tanto em aromas quanto em boca. Muita fruta madura (ameixa, cassis e amora) mesclada a notas de chocolate, balsâmicas e de especiarias. Como todo bom Priorato, muita mineralidade! Um belo vinho, que mostrava-se áspero em boca no início, e que precisou de umas 2 horas para amaciar. Mas depois disso, perfeito! E fez uma pareceria maravilhosa com os embutidos ibéricos levados pelo Tom. O amigo Margarido disse ter adorado. Bem, eu sou suspeito, mas também gostei muito. Mas vou deixar a outra garrafa uns bons anos na adega descansando, assim como a de seu irmão maior, Vall Llach. Eles estão novos ainda. Os vinhos Vall Llach são importados pela Expand. Aliás, este exemplar eu adquiri em uma excelente promoção.
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Elegância pura! |
O Caio levou uma maravilha portuguesa, do Alenquer, o Quinta do Monte D'oiro Reserva 2006. É um vinho que já foi considerado por João Paulo Martins um dos melhores de Portugal. É feito com 95% Syrah e 5% Viogner, fermentadas juntas, ao estilo dos Côte Rotie. Aliás, a vinícola tem parceria com a Maison Chapoutier. Uma beleza de vinho, equilibrado ao extremo. Ao nariz, notas de amora madura, florais e chocolate. Em boca repetia o nariz, com muita finesse. Os taninos estavam redondos e o final longuíssimo. Vinho de primeiríssima! É importado pela Mistral.
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Multicamadas! |
O nosso amigo Paulão levou um argentino de Zuccardi, já comentado aqui no blog (clique aqui), o Zuccardi Zeta 2007. É um vinhaço! Aliás, o 2006 foi eleito o melhor em uma degustação às cegas somente com tops argentinos, recentemente conduzida por Marcelo Copello e Wines of Argentina. E olha que havia poderosos na peleja, como o Catena Adrianna 2003, Yacochuya 2006, Cobos Bramare Marchiori 2006 e outros. Aliás, todos estes já apreciados e comentados aqui no blog. Esta garrafa do Zeta já se abriu um pouco mais em relação à última que bebemos. O vinho é feito com 68% de Malbec, 18% Cabernet Sauvignon e 14% Tempranillo. É complexo, cheio de camadas. Notas de amora, ameixa, figo e balsâmicas. Em boca é muito amplo, denso e com final longo. Uma beleza de vinho! Perfeito para carne assada! É importado pela Ravin.
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O denso! |
O confrade Rodrigo levou um outro argentino top, o Val de Flores 2006. O do ano de 2005 já apreciamos por duas vezes e já foi comentado aqui no blog (clique aqui). Este, da bela safra de 2006, estava também delicioso. Aliás, me pareceu ainda melhor que o 2005. Notas de ameixa e figo se mesclavam a notas tostadas e de baunilha. Em boca mostrava potência mas também muita elegância. Os taninos estavam macios e sedosos. Uma delicia que teria muitos anos pela frente! Vou guardar uma garrafa que tenho para apreciar daqui a alguns anos.
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A unanimidade! |
O amigo Margarido, confrade "flutuante", nos brindou com um grande Lindaflor 2002. O Lindaflor é figura sempre presente na confraria, e já apreciamos algumas garrafas dele (2002 e 2003). Este, da espetacular safra de 2002 na Argentina, estava divino. Nove anos e ainda com muitos pela frente. É vinho potente, denso, mas muito elegante e de uma presença incrível. Notas clássicas de ameixa e figo, mescladas a um tostado gostoso e alcaçuz. Em boca, denso, amplo, aveludado e com final interminável. Uma maravilha de Malbec! A meu ver, sempre entre os melhores Malbecs argentinos.
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A modernidade! |
E o amigo Tom, retornando de viagem, levou um vinho embrulhado, para tentarmos acertar. O Caio chegou bem perto. Era o argentino Tikal Locura 2006, de Ernesto Catena. Este vinho, tempos atrás, provocou grande agito em um Tour Mistral. É um corte inusitado de Malbec (85%), Bonarda (10%) e Torrontés (5% - fermentada junto com a Malbec). Bem, a Malbec reina, mas a Bonarda dá o ar da graça com fruta compotada e toques florais. Notas densas, até doces, de ameixa, figo, tostado e café com leite. É um vinho potente, novo mundista típico, daqueles para serem mastigados. É equilibrado, muito gostoso e perfeito para acompanhar as belas carnes assadas pelo amigo Tom! Acredito que deve envelhecer muito bem.
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"Hors-concurs"! |
E o JP? Bem, não deixou por menos: sacou do coldre um estupendo Brunello de Montalcino Altesino 1995! Como comentei com o amigo Rodrigo, grandes Brunellos, de grandes produtores, e com mais de uma década, são "hors-concurs". Esse Altesino estava divino. Não há outra palavra. Denso, com notas de cereja e florais mescladas a notas de tabaco, couro, alcaçuz e terrosas. Em boca, uma explosão! Qualquer elogio é pouco. Que maravilha!!! Para tomar sentado, olhando para o infinito e agradecendo a vida.
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A sedosidade! |
E como o pessoal ainda não estava satisfeito, busquei na adega um Ribera del Duero dos grandes, um Arzuaga Reserva Especial 2001. Esta bodega, criada no início dos anos 90, é vizinha de nada menos que Vega Sicilia e Pingus. Precisa mais? O empreendimento tem ainda um hotel 5 estrelas com Spa. Seu enólogo, Jorge Monzón, trabalhou no Domaine de la Romanée Conti e Vega Sicilia, de onde foi para a Arzuaga Navarro. Este Reserva Especial é um vinho top da casa, abaixo apenas do Gran Reserva e do raro (e caro) Gran Arzuaga. O vinho é feito com Tempranillo e maturou 24 meses em barricas novas de carvalho frances. É um espetáculo! Ao nariz é riquíssimo, com notas de ameixa, cereja marrasquino, bala toffee, alcaçuz e canela. Em boca, repetia o nariz e tinha uma sedosidade incrível. Para mim, estupendo! Entre os grandes espanhóis.
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A raridade! |
Bem, e para finalizar, depois destas maravilhas todas que acompanharam as belas carnes assadas pelo Tom, apreciamos um Tokaji Disznoko 5 Puttonyos 1993 com Foie Gras levado pelo JP. Já comentei sobre este mesmo vinho aqui no blog (clique aqui). É um vinho particular, já com seus 18 anos, com notas de côco deliciosas e perfeito para acompanhar o Foie Gras. Um néctar dos deuses!
Ufa! Chega! Só posso dizer uma coisa sobre esta noite: INESQUECÍVEL!
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As feras reunidas! |