segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Post 500: A confraria mudou para o Restaurante Barone: Luis Pato Vinhas Velhas Branco 2009, Grosset Piccadilly Chardonnay 2006, Don Melchor 2008, Roda I Reserva 2006 e Gary's Pinot Noir 2010!

Como os leitores do blog devem saber, a Confraria do Ciao acabou... Na verdade, não se reune mais no Restaurante Ciao Bello, que não mais abrirá a noite. Fomos então ao Restaurante Barone, que nos acolheu maravilhosamente. O ambiente é legal, a comida muito boa, e o atendimento, nota 10. E para iniciar nossa saga no Barone, começamos com um branco levado por nosso amigo Paolão. Era um Luis Pato Vinhas Velhas branco 2009. O vinho é feito com Bical (50%), Cerceal (25%) e Cercealinho (25%). A vinificação é feita em inox e barricas de castanho, e a maturação ocorre por 4 meses em tanques de inox. O vinho tem bons aromas cítricos e minerais, mas o seu destaque é a acidez vibrante, que lhe aporta muito frescor e o torna excelente acompanhamento para comida. É um vinho rico, com ótima presença e que tem um preço justo pelo que oferece. Na sua faixa (~80 pilas) é duro de bater. É importado pela Mistral. 
Eu levei um Grosset Piccadilly Chardonnay 2006 que comprei na Vinci. O produtor é conhecido por produzir excelentes brancos na Austrália. Eu ainda não conhecia, mas acreditei nas informações do catálogo e me dei bem. Além disso, o danado, que custa 85 doletas, estava por ótimos 105 reais. Bem, ainda tem gente que tem dó de pagar um pouquinho mais por vinho branco. Essa é uma visão muito antiga e equivocada. Para mim, não tem dessa não. Mas enquanto pensarem assim, dá prá gente comprar ótimos brancos a preços menos exorbitantes que tintos no mesmo patamar. Mas voltando ao vinho, ele é leve, muito fino, com notas de grapefruit, nectarina, florais e minerais. Nada daqueles exageros de manteiga e mel, que tanta gente gosta (eu não...). É muito fresco e com tudo em cima. Muito elegante e com seus 7 anos esbanja vitalidade. Ainda aguenta uns anos pela frente. Estilo borgonha. De pronto, não consigo imaginar nada com a mesma qualidade pelo preço que paguei. Um ótimo Chardonnay.
O Caião levou um embrulhado, que ao dar a primeira cafungada já matei a nacionalidade chilena. Sabia que era um bom vinho e chutei da safra 2007. Pensei até se tratar de um Caballo Loco... Mas não, era um Don Melchor 2008. Não passei muito longe, vai... rs. Bem, esse vinho já foi tema de uma postagem aqui no blog (clique aqui). Nem precisaria comentar muito sobre ele. No entanto, preciso mencionar que estava diferente da garrafa que apreciei anteriormente. Senti menor agressividade, mas elegância nesse exemplar. A madeira estava mais integrada. Depois de um tempo aberto, foi melhorando e ficando muito bom. Como explicar isso? O outro apreciei há alguns meses apenas. Não era para ter tanta diferença. A questão é: Essa garrafa estava melhor que a que eu apreciei da outra vez. E estava muito boa, mesmo! O problema do Don Melchor: Preço alto (no Brasil e no próprio Chile). O negócio é trazer de outras paragens... Valeu Caião!
O JP, que estava ralado por levar vários espanhóis cozidos, resolveu levar agora um que trouxe diretamente da Espanha, o Roda I Reserva 2006. Ele já nos havia brindado com um desses há exatamente um ano (clique aqui). Naquela oportunidade, achei o vinho parecido com exemplares de Ribera del Duero, com notas de toffee. Lembrei que parecia um pouco ralo também. Mas ele evoluiu bem e estava melhor que o anterior. Além disso, o bebemos mais devagar, dando tempo para ele respirar, o que fez com que ele mostrasse suas qualidades. No final da garrafa, estava muito bom, mostrando a que veio. Notas de cereja preta, toffee mais bem integrada, cítricas e especiarias. Bom mesmo. Agora sim, JP!
E para finalizar a bela noite, o Tonzinho levou um californiano, o Garys' Vineyards Pinot Noir 2010, da vinícola Loring Wine Company. Dei uma boa olhada no site dela e vi que o produtor é moderno e bem cuidadoso. Ele menciona apreciar muito os borgonheses. Não encontrei muita informação sobre cada vinho individual no site. Senti falta. Seus vinhos maturam em barricas francesas de primeiro e segundo usos (geralmente 50% cada), com tosta média. A média tosta aparece nesse exemplar levado pelo Tom. Mas nada que incomode. Dá para sentir o tostadinho, que é bem integrado com a fruta, que é madura mas não chega a ser super madura, com em muitos americanos. A framboesa se destaca. É um vinho muito bem feito, redondinho, redondinho.  Tem muito potencial de guarda e acredito que melhorará com o tempo. Gostei dele, mas queria tê-lo bebido mais tranquilamente, em taça apropriada, devagar e sentindo sua evolução. Do jeito que foi, não deu para curtir na totalidade as suas qualidades. Como a maioria dos vinhos americanos, o rótulo é bem bonito. A WS lhe outorgou 92 pontos. Não é um vinho barato, custando uns 50 doletas nos EUA.
Bem, a primeira noite da confraria no Barone foi bem legal. Vamos ver se mantemos o padrão...rs.

8 comentários:

  1. Flávio,

    Tomei este mesmo chardonnay do Grosset ha uns 2/3 anos e gostei bastante. Imagino que ele tenha ganhado alguma coisa com o tempo.

    Tenho aqui uma garrafa de um dos rieslings, da safra 2008. Eu também sou dos que paga mais por uma boa garrafa de branco.

    abraços,

    Alexandre/DF

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    1. Oi Alexandre,
      Este Chardonnay me surpreendeu. E acredito que dá para guardar um pouquinho mais. Eu li que o produtor é considerado o rei dos Rieslings na Austrália. Imagino que esse que você tem deve estar uma beleza.
      Que bom que você é do clube que valoriza os brancos. Se a gente der uma varrida no enoblogs, por exemplo, verá que a grande maioria das postagens é sobre tintos, infelizmente.
      Abraços,
      Flavio

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  2. Flávio,
    Longa vida à Confraria do Barone!
    Começando em alto estilo, aí sim!
    Vc fala que descubro as bocadas, mas esse Grosset foi um achado profissa. Eu nem conhecia o produtor e vc já tava com ele na mira, rs.
    Abs,
    Vitor

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    1. Obrigado, Vitor! Espero que a tradição perdure. Rapaz, começamos bem. Os vinhos estavam de acordo. E este Grosset foi uma gratíssima surpresa. Mas foi no chute mesmo...rs. Olhei a garrafa, achei estiloso, dei uma buscada na rede e vi que o produtor era bom em brancos e mandei ver. E deu certo...rs. Ah, não resisti e visitei a "promocinha" de novo... E sabe que voltou uma garrafa de cada um daqueles Chiantis? O Valiano e o Baroncole? Dei sorte.
      Abraços,
      Flavio

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    2. Flavio, não obstante à minha notória e imensa inexperiência, penso que algumas vinícolas exploram um pouco no valor dos brancos. É cediço (corrija-me se estiver falando algo errado) que, em regra, o processo de vinificação dos brancos é menos custoso, algo que, por certo, deveria refletir na formação do preço final. Infelizmente, isso não ocorre em vários casos, notadamente quando os brancos compõem as chamadas linhas de série das vinícolas juntamente com alguns tintos, vide, principalmente, alguns chilenos e argentinos e, até mesmo, portugueses. É possível, por exemplo, um Angelica Zapata de tipo branco custar o mesmo que outro de tipo tinto?

      Outra coisa que ocorre - algo pior - é o branco da linha chegar ao Brasil pelo preço quase igual ao tinto, embora, na origem, os preços sejam bem diferentes. Veja o que ocorre, por exemplo, com o Esporão Reserva. Aqui em Recife, chegamos ao absurdo de o branco chegar a custar mais do que o tinto.

      Obviamente, existem brancos ícones, como, principalmente, alguns franceses, especialmente do Loire e da Borgonha. Esses têm seu preço formado por vários outros fatores além do custo de vinificação, muito embora, pela excelência empregada, ele deva ser altíssimo.

      Abs.,

      Roberto.

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    3. Oi Roberto,
      Quisera muitos tivessem sua "inexperiência"...rs. O amigo é conhecedor de primeira.
      Quanto à sua questão, uma vez um produtor me disse que se fosse para escolher, faria só tintos, pois os brancos dão muito trabalho. Disse que, além de controlar para que não estraguem durante o processo (o que ocorre mais que nos tintos), tem muito trabalho para conseguir bons resultados. Disse que os defeitos aparecem muito mais nos brancos que nos tintos, e que eles deveriam custar mais caros. Segundo ele, só não cobram mais caro porque o público valoriza mais os tintos, e os brancos ficaríam (ainda mais) encalhados.
      Eu gostaria de ter a opinião de um produtor aqui. Vamos ver se algum lê esta postagem e nos dá o prazer de um comentário.
      Grande abraço,
      Flavio
      Ps. Tema interessante este...

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    4. Flávio, isso, realmente, pode ser um fator. Continuando o debate, todavia, será que isso não se aplica a vinhos mais simples, notadamente na comparação brancos e tintos que não passam por barricas? Fica difícil acreditar que o custo de um branco seja o mesmo ou maior do que um tinto que mature durante longo tempo, muitas vezes em barricas novas etc.

      Alguns tintos, como os brunellos e amarones, mesmo os mais simples, demoram, por lei, muito tempo para ir ao mercado. Mesmo que seu amadurecimento não se dê de forma mais sofisticada possível, só o fato de demorarem a ir ao mercado já é um fator que faz com o que preço suba consideravelmente, não achas?

      Abs.,

      Roberto.

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    5. Oi Roberto,
      Realmente, para um vinho tinto que matura muito tempo em barrica imagino que o custe aumente bastante, pelo próprio preço da barrica. Além disso, ainda tem o fato que você levantou, que é o tempo descansando antes de sair ao mercado. Bem, na próxima oportunidade que estiver junto a um produtor vou fazer a pergunta.
      Abraços,
      Flavio

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