domingo, 14 de setembro de 2014

3 Top Italians: Brunello di Montalcino Castelgiocondo 1997, Brunello di Montalcino Siro Pacenti PS 2007 e Terra di Lavoro 2006!

Em jantar na casa de nosso amigo André apreciamos três vinhaços italianos, acompanhados de um "Capitão" de Angus e uma Costela ao Bafo, do mesmo bicho. Companhias perfeitas.
Um dos vinhos foi um grande Brunello di Montalcino Castelgiocondo 1997, de Marchesi di Frescobaldi*. Brunello da grandiosa safra de 1997, cujos vinhos causam suspiros em apreciadores de vinhos italianos. E nos seus 17 anos esbanjava força. A rolha, grandona, estava perfeita, só um pouquinho molhada até sua metade. O vinho era, obviamente, o mais pronto da noite, visto que os outros dois italianões eram das "jovens" safras de 2006 e 2007. O Castelgiocondo tinha cor rubi e aromas muito ricos de amoras maduras, cerejas, cogumelos secos, tabaco, de carne e especiarias. Em boca, repetia o nariz e destacava-se pela grande sedosidade. Os taninos já estavam devidamente arredondados pelo tempo, e o final era longuíssimo, especiado e terroso. Uma delícia de Brunello! Em sua completa forma e é claro, ainda capaz de enfrentar uns anos em adega. Mas esse já foi, e desceu bem redondo. Belíssimo!
O outro Brunello é de um produtor que gosto muito: Siro Pacenti! Era um Brunello di Montalcino Siro Pacenti PS 2007. É um produtor que alia tradição e modernidade. Seus vinhos são riquíssimos e com grande capacidade de envelhecimento. Eu bebi os de 98, 99 e 2000, todos impecáveis e inesquecíveis. Obviamente, este 2007 está um bebê, e quem for beber deve decantar por longas horas. A fruta ainda reina, com notas de cerejas maduras e framboesas, em meio a tabaco e chá. Depois de um tempo foram surgindo notas mentoladas bem legais. Em boca, estava nervoso, principalmente no começo, mas depois foi ficando mais amigável. A acidez é vibrante e os taninos são jovens, implorando por alguns anos em adega. O final é longo e frutado. Outro vinhaço! Mas novo, novo... Em uns 3-5 anos ele vai explodir. Quem tiver uma garrafa dele na adega, resista um pouquinho.
E o último, na descrição, não na colocação, era um Terra di Lavoro 2006, da denominação Roccamonfina, elaborado pela Fattoria Gallardi. Aqui o negócio pega! Pensei que o vinho fosse ficar atrás dos outros dois, mas nada! É um vinhaço! Vinho da Campania, feito com 80% Aglianico e 20% Piedirosso, de vinhedos plantados nas encostas do vulcão Roccamonfina. É vinho sempre (muito) elogiado pela crítica. E é especial. Na verdade, eu diria, exótico. Sua cor é escura, retinta, intransponível, e os aromas são incríveis. Saltam da taça aromas de geléia de amora, herbáceas, de alcatrão, defumadas e minerais. Com o tempo as notas herbáceas e defumadas foram dando lugar a chocolate e alcaçuz. Em boca é explosivo, mas ao mesmo tempo elegante. Muito denso e cheio de camadas. O final é interminável. Se você gosta de vinhos potentes, explosivos, é este seu vinho. Se você não aprecia tanto, gosta de vinhos mais leves, menos parrudos, precisa experimentar este para sentir sua intensidade. Realmente surpreende. Mas uma coisa: Precisa decantar, muito! No começo é nervoso, um toro. Mas depois de um tempo... Que vinho! Para este 2006 precisaria de umas 3-4 horas. Imagino que 2010 que está no mercado precise anos de adega ou horas de decanter. Recomendadíssimo! 
Grande noite! Daquelas de ficar na lembrança...

* Não vou falar do polêmico Brunellogate, ocorrido em 2003. Todo mundo já conhece a história... E não cabe no caso deste 1997.




8 comentários:

  1. Postagem fantástica pra variar, Castelgiocondo foi o primeiro vinho que bebi assim que cheguei à Itália em pleno Aeroporto de Roma. Acredito que vc saiba, mas vale a informação para os fás desse blog, Frescobaldi foi um dos produtores que adulteraram o Brunello na Safra 2003, teve os vinhos apreendidos e comprou brunello do Caprilli para não ficar ser vender nessa safra. O mais curioso é que o dele teve nota mais alta que o Caprilli, sendo Caprilli rs.... Adoro essa combinação Aglianico e Piedirosso, os vinhos da Campania são fantásticos tem um produtor Chamado Villa Matilda que tem vinhos excelentes a preços não tão estorcivos, hoje estão na GrandCru, o Cecubo deles se não me engano tem esse mesmo corte e é um grande vinho. Mais uma vez uma degustação de invejar, como desta vez conheço os vinhos confesso que lhe escrevo com a boca salivando....grade abraço meu ídolo...

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    1. Grande Hélio!
      Muito obrigado, meu amigo!
      E valeu pelo comentário em relação à adulteração e a compra do Caprilli. Realmente umas coisas malucas...rs.. Eu preferi não mencionar mais detalhes sobre o Brunellogate na postagem para não ser injusto com um Brunello 1997. Mas sem dúvida, foi algo a se esquecer. No entanto, parece que estão descobrindo novos problemas em relação aos nossos queridos Brunellos.
      Eu ainda não bebi os vinhos da Villa Matilda. Já recebi umas propagandas deles, mas ainda não investi. Mas procurarei fazê-lo. Realmente os vinhos da Campania surpreendem pela riqueza.
      Estes vinhos da degustação foram todos trazidos de fora, onde os preços são ainda palatáveis. Além disso, encontrar um Brunello 1997 aqui no Brasil é algo bem difícil...
      Grande abraço,
      Flavio

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  2. Bom dia!

    Parabéns pelo post. =)

    Tenho um Castel Giocondo 2007 e gostaria de saber quando você me indicaria a abri-lo?

    Obrigado.

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    1. Caríssimo(a),

      Bom dia!

      Obrigado pela visita e elogio.
      Quanto ao Castelgiocondo 2007, a safra gerou vinhos mais abertos que 2006 e 2004. Assim, acho que já pode ser apreciado, embora deva ganhar com uns 2 anos de adega. Em todo caso, para apreciá-lo agora eu deixaria algumas horas descansando em decanter para um melhor aproveitamento (bem, eu faço isso para quase todos os Brunellos...rs).

      Abraços e seja sempre bem-vindo.

      Flávio

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    2. Flávio,

      Agradeço imensamente sua ajuda e dedicação. Sua resposta foi muito útil.

      Obrigado! =)

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    3. De nada!

      Seja sempre bem-vindo.

      Abraços,

      Flávio

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