segunda-feira, 4 de junho de 2018

Embate entre Tinta Roriz e Tinta do Toro: Crasto Tinta Roriz 2003 versus Numanthia 2003!

Pela segunda vez tive o prazer de receber em São Carlos meu amigo Roberto, de Pernambuco, leitor assíduo aqui do blog e apreciar de grandes vinhos. Dessa vez, ele veio acompanhado de seus pais, que alegraram ainda mais o jantar regado a belas botellas. O Roberto sugeriu fazermos um embate entre um português feito com a Tinta Roriz (Aragonez), que ele traria, e um vinho espanhol feito com a mesma uva, mas que ganha outros nomes na Espanha (Tempranillo, Tinta do Toro, Ull de lebre, Cencibel, Tinta del País, etc). 
O Roberto trouxe um Quinta do Crasto Tinta Roriz 2003. Vinho de grande produtor, cujo exemplar de 2012 já pintou aqui no blog. O vinho, de safra quente em Portugal, e que rendeu vinhos mais maduros e potentes, tinha aromas que indicavam já ter atingido o platô. Aromas de cereja madura, tabaco, couro e especiarias. Em boca, muito volume e equilibrio, com taninos já devidamente arredondados pelo tempo. Senti que já estava perdendo força. Mas isso, não quer dizer não se tratar de um grande vinho. Acho que só tinha que ter sido abatido um pouquinho antes.
Eu levei um Numanthia 2003, 100% Tempranillo da região do Toro, Espanha. Este vinho sempre arrebata grandes notas da crítica, e este 2003 foi um dos mais bem avaliados do produtor. Numanthia é vinho de mastigar. Intenso, denso, soco no queixo com luva de veludo. Os anos parecem nunca afetá-los, e este 2003 estava uma beleza. Aromas de cereja preta, alcaçuz, chocolate amargo, balsâmico e leve couro. Em boca era intenso, com acidez marcante e taninos firmes. Leve toque licoroso que parece ser padrão do vinho. O final, interminável. Um grande vinho! E a despeito da qualidade do Crasto Tinta Roriz, seu primo espanhol mostrou mais vivacidade. Para mim, acabou vencendo o embate. Talvez se o Crasto estivesse mais jovem, a briga fosse mais parelha. 
Mas não contente, o Roberto trouxe também um vinhaço para fechar o jantar: Pintas Porto Vintage 2009. Aqui também trata-se de cachorro grande. E por falar em cachorro grande, vem das pintas do cachorro do casal de enólogos Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva, o nome do vinho. O vinho é feito com uvas de vinhedos de mais de  80 anos de idade, com mais de 30 variedades. Passa 19 meses em tonéis e a produção é pequena, de apenas 4.000 garrafas de 750 mL e 500 de 375 mL. Vinho de cor escura, intransponível, e aromas de amoras, cereja preta, cacau, herbáceas e minerais. Em boca mostrou grande nervo, acidez vibrante, notas de cacau, herbáceas e minerais. O final, interminável. Vinho grandioso, ainda jovem para um Vintage. Os anos lhe farão muito bem. 
Ah, e esqueci de dizer que a noite começou com um Sauvignon Blanc borgonhês: Clotilde Davenne Saint-Abris Sauvignon 2015. Aromas florais e de grapefruit, em fundo mineral. Em boca, boa acidez e mineralidade. Lembra Sauvignon do Loire, mas tem um toque particular. Uma boa experiência. É importado pela Delacroix, que tem coisas muito interessantes em seu portifólio. 
Bem, nem preciso dizer que o jantar foi uma beleza. Boa companhia e vinhos de primeira! Valeu, Roberto!

Contra-rótulo do Numanthia, onde é indicada sua safra (que não aparece na parte da frente.





  

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