Nosso amigo Tony resolveu mudar a data de sua viagem anual para o Brasil, e nesse ano, veio em Julho. E como sempre, trouxe alguns vinhos americanos, de bom custo, para experimentarmos.
A noite começou com um Four Vines Naked Chardonnay 2010. A foto está meio escura (como as outras a seguir), mas o vinho não estava... É um Chardonnay sem passagem por madeira, fermentado em tanques de inox, para manter o frescor. E o intuíto foi alcançado. É diferente de muitos Chardonnays americanos, pois não é carregado em mel-manteiga-baunilha, como diria meu amigo Vitor, do Louco por Vinhos. Tem cor amarelo claro, com toques esverdeados. Ao nariz, mostra notas de cítricas, de grapefruit e limão, e com leve pessego ao fundo. Em boca repete o nariz, tem boa acidez e mostra um fundinho de baunilha, bem leve, que de nada lembra os excessos da dita cuja em muitos vinhos americanos. É um vinho leve, fresco, que vai bem solo e acompanharia bem um peixe. Gostei dele.
Depois do Chardonnay, passamos para H3 Horse Heaven Hills Les Cheveaux 2010, da Columbia Crest. Bem, o nome "Les Cheveaux" vem do francês "os cavalos", em referência aos cavalos selvagens que habitavam a região. O corte não era mencionado na garrafa, e fizemos uma brincadeira. Cada um escreveu em um guardanapo a sua opinião, e o Tony guardou para depois averiguar. Eu chutei Merlot majoritária, com uma pitada de Syrah. Não vou falar do chute dos meus confrades, que erraram feio, claro...rs. Acabei de verificar o corte no site da vinicola: 80% Merlot, 13% Cabernet Sauvignon e 7% Syrah. Passei perto...rs. O vinho matura 18 meses em barricas de carvalho francês (33% novas). O vinho mostra seu lado novo mundo logo de cara. Tem muitas notas de fruta madura, côco queimado, baunilha, alcaçuz e chocolate. Tudo para satisfazer o paladar americano. Parece muita coisa, né? Mas é isso mesmo. É um vinho rico, possuidor de todas as características que agradam novo-mundistas de carteirinha. Em boca repete o nariz e mostra taninos doces. É muito redondo. Com o tempo vai perdendo um pouco o exagero de baunilha e côco queimado, mas não perde essas características. É bem trabalhado? Sim. Mas não faz meu estilo. No entanto, deve agradar muita gente. A WS lhe tascou 90 pontinhos.
Ele foi seguido por um Klinker Brick Syrah 2010, californiano da denominação Lodi. E ao abrir, lá vem a baunilhona de novo, pesado. Mas com o tempo, foi sumindo e dando espaço para a fruta (ameixa e amora), tabaco, chocolate e alcaçuz. Foi melhorando muito com o tempo. A surpresa ficou para a boca. Eu esperava que ele repetisse as notas doces mostradas ao nariz, mas não. A fruta e especiarias dão o toque, e o vinho deixa um retrogosto amargo interessante, que lhe dá um charme especial. Com o tempo foi ficando ainda melhor, pois o nariz foi ficando menos doce e o paladar melhorando cada vez mais, com o surgimento de umas notas minerais. É um vinho para se abrir com antecedência ou então, deixar na adega. Se com o tempo a baunilha der uma sumida, o vinho vai ganhar muito. Apesar de ainda carregar as características novo-mundistas (mais ao nariz, que na boca, e no início), gostei dele, principalmente depois de uma hora. A WS também lhe tascou 91 pontinhos. Bem, eu também achei melhor que o H3.
E para finalizar, saímos dos EUA e migramos para a Bota. O JP levou um toscano, o Varramista 2006. Foi difícil saber de que uva se tratava. Só depois vimos que era um 100% Syrah. Foi trazido por nosso amigo Marga, em viagem recente à Itália. O vinho é feito na propriedade onde ele ficou. Não é vinho badalado. Passa 15 meses em barricas francesas novas e mais 2 anos em garrafa antes de ser comercializado. Ao nariz, lembra um Chateauneuf. Mostra notas de ameixas, cassis, carne e sálvia (bem evidente), em meio a alcaçuz e outras especiarias. Em boca, repete o nariz, mostra boa acidez e taninos levemente terrosos. É um vinho que fica na outra extremidade dos tintos mencionados anteriormente. Aqui, o velho mundo se manifesta. Eu gostei (muito) dele. Vinho especiado e fresco. Bom mesmo! Foi legal a comparação com o Klinker Syrah.
Bem, foi isso. O nosso amigo Tony disse que só saberia se eu tinha gostado dos vinhos após a postagem. Sintetizando: Gostei do Chardonnay, pelo lado cítrico e frescor; do Klinker Syrah, pelas especiarias e amargor final interessante, e do Varramista (aquí sou suspeito...rs). Mas o melhor de tudo, claro, foi dividir a mesa com meus queridos amigos. Uma visita anual é pouco, amigo Tony! Gracias! Ou melhor, TKU!
Grande Flavio,
ResponderExcluirUma pena que o mercado brasileiro ainda tenha resistência para os vinhos americanos: os poucos que chegam vem over-priced. Por exemplo da linha H3 Heaven Hills provei um Cabernet Sauvignon, bom, mas não vale os R$110 cobrados por aqui. Lá custa menos de U$10...enfim, melhor aproveitar dos amigos que trazem as garrafas de fora!
Grande abraço, meu amigo!
Grande Mario,
ExcluirPois é... Tem até uma importadora especializada em vinhos americanos (www.smartbuywines.com.br), mas não é muito badalada. Eu não sei por que esse filão é pouco explorado, pois eles têm muitas opções e em todas as faixas de preço (embora o pessoal costume enfiar a faca por aqui, mesmo nos que custam 10 doletas lá...rs). Eu confesso que já tive um certo preconceito com vinhos americanos, mas tenho encontrado coisas boas. Agora estou investindo em Pinots do Oregon e Syrahs de Washington. Recentemente uma cunhada me trouxe umas garrafas. Vamos ver o que elas dizem...rs.
Grande abraço, meu amigo! E seja sempre bem-vindo!
Flavio
Também sou curioso a respeito de pinots do Oregon, nunca provei. Aguardo com ansiedade as suas avaliações.
ExcluirGrande abraço!
Grande Mario,
ExcluirRecentemente eu bebi dois deles, do mesmo produtor: Cooper Mountain. São vinhos orgânicos. Gostei muito deles. São muito ricos e lembram muito borgonheses. Aqui vão os links para as postagens: http://vinhobao.blogspot.com.br/2013/03/cooper-hilll-pinot-noir-2004-nove-anos.html e http://vinhobao.blogspot.com.br/2013/01/five-elements-pinot-noir-2001-americano.html
O Five Elements é bem superior. Paguei uma pechincha em uma loja de São Carlos que não vai mais trabalhar com o produtor. Infelizmente, só tinham uma garrafa, senão, voltaria lá para pegar mais, pois gostei muito. Os que minha cunhada trouxe nessa semana são da vinícola Beaux-Freres, que dizem ser muito bons. Logo que beber relato aqui no blog.
Grande abraço,
Flavio
Outro post muito legal, Flávio!
ResponderExcluirVinhos americanos estão na limitadíssima lista dos que ainda me permitiria comprar agora, em razão do estoque elevado, juntamente com alguns do Piemonte. Aliás, minha maior vontade tb é de provar Pinots do Oregon.
Apesar disso, suspeito que me encantaria mesmo é pelo Toscanão. Me conheço, rs.
Abs.
Obrigado, Vitor!
ExcluirMinha cunhada me trouxe de viagem essa semana umas garrafas de Pinots do Oregon e um Syrah de Washington, que dizem ser excelentes. Vamos ver. Agora mesmo estava combinando com um aluno que está nos EUA para trazer mais umas botellas...rsrs. Olha, tenho certeza de que você gostaria muito dos Pinots do Oregon.
Mas da postagem, não tenho dúvida alguma que o que mais te encantaria seria o Toscanão, que estava muito bão! rs.
Abraços,
Flavio