domingo, 15 de junho de 2014

Fronteira 2011: Barato e 90 pontos polêmicos da Wine Spectator

Tempos atrás bebi um Quinta da Fronteira Reserva 2008 que me impressionou (clique aqui). Vinho robusto, bom corpo e que justifica o preço (mesmo aqui no Brasil). Recentemente, vi na Wine Spectator a nota para o vinho mais simples da mesma vinícola, o Fronteira DOC Douro 2011: gordos 90 pontos! Lembrei de uma vez que a revista fez isso para um vinho português simples, o Quinta do Cabriz Colheita 2008, que custa apenas 9 doletas lá fora e ficou inclusive na lista dos top 100 em 2011, com 90 pontos. Aqui no Brasil dá para comprá-lo por menos de 30. Bebi o Cabriz e até gostei, mas fiquei me perguntando de onde tiraram aquela nota. O Fronteira 2011 foi bastante elogiado pela revista, inclusive, com a menção de que foi provado duas vezes, tendo notas consistentes em ambas. Bem, resolvi então comprar o danado para experimentar. Na loja virtual onde o adquiri tinha comentários de todos os tipos, desde aqueles que amaram o vinho, até aqueles que não gostaram nem um pouco. Mas acho que a opinião da maioria era favorável. Resolvi então abrir o vinho, que é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, e maturado por 6 meses em madeira. A rolha de boa qualidade impressionou positivamente. Ao nariz, mostrou-se fechado no começo, mas com o tempo foi se abrindo. Notas florais e cítricas em meio à fruta, grafite e madeira. O álcool era um pouco saliente para o meu gosto. Em boca era seco, mineral, com acidez pronunciada e final herbáceo, um pouco amargo. Deixei respirando um pouco na taça e achei que melhorou, mas não muito. Para mim, a madeira passava do ponto (apesar do curto estágio). Tinha um gostinho de engaço que me incomodava um pouco. Apesar de eu não gostar de vinhos com fruta explosiva, queria mais dela neste vinho. Além disso, apesar de gostar de vinhos com boa acidez, ela estava um pouco acima para o meu gosto. É um vinho que implora por comida. Sozinho não vai muito bem. Em suma, não fez muito minha cabeça. Até pensei com meus botões: Os caras da WS beberam o Reserva e deram a nota para o DOC. Mas aí veio a surpresa! Eu abri o vinho em uma quarta-feira à noite, bebi um pouco, tasquei-lhe o vacuvin e o deixei na porta da geladeira. Na sexta-feira, meu cunhado Bu veio nos visitar e resolvi servir-lhe um pouco para ter sua opinião. E não é que o vinho estava outro? As coisas haviam se equilibrado. Os aromas estavam mais legais e em boca estava bem mais redondo, sem aqueles incômodos que eu identifiquei no primeiro dia. Uma boa surpresa! E agora? Quando eu for beber outra garrafa decanto por 2 horas? Ou bebo um pouquinho e faço o mesmo que fiz para esta garrafa? Difícil, hein! O fato é que o vinho que bebi dois dias depois era outro, e muito melhor. Isso indica que ele deve melhorar na adega. Quero ver o que vai acontecer com as garrafas que guardei daqui a 1-2 anos. 
Isso mostra o quanto a gente já deve ter se equivocado em relação a algumas garrafas de vinho...rs.
Meu veredito: Na hora que abri, não gostei. Dois dias depois, uma taça a menos na garrafa e guardado com vacuvin, uma boa compra!

Ps1. Quando bebi o vinho redigi um artigo digamos, "pouco gentil" com o danado. Tive que refazê-lo para não cometer injustiça.

Ps2. Calma! Estamos falando de vinho simples, barato... Não espere um Quinta da Bacalhoa, Meandro ou um Vertente, por favor!


12 comentários:

  1. Bem legal essa postagem, volta e meia acontece isso comigo, vinhos que na hora não valem nada e dois dias depois um milagre... grande abraço!

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    1. Obrigado, Hélio! Rapaz, eu tinha ficado triste no começo, pois havia gostado do Reserva e esperava um bom vinho de entrada. Mas depois dos dois dias na porta da geladeira, o vinho ficou bom. O duro é saber quando fazer isso, né? rs. Ah, você viu quanto ele está na Wine, para sócios? Uma pechincha.
      Grande abraço,
      Flavio

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  2. Flávio,

    Isso acontece muito comigo. É comum eu abrir um vinho, tomar a metade, e voltar a ele um, dois ou três dias depois. Simplesmente fecho com a rolha mesmo e coloco na geladeira.

    Outro dia deixei um vinho, aberto, em cima da mesa da sala (esquecimento). Voltei nele na noite seguinte e estava melhor, com aromas pulando da taça.

    abraços,

    Alexandre/DF

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    1. Oi Alexandre,

      Legal esta sua experiência! Parece que há vinhos que morrem de um dia para o outro, enquanto outros, nascem. Estou vendo que é bom não perdermos a esperança quando um deles não nos agrada na primeira investida...rs.

      Abraços,

      Flavio

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  3. Tomei o Fronteira 2009 semana passada, ele AINDA precisa de um tempinho para encaixar tudo, no decanter depois de uma hora abriu lindamente, imagino o 2011........
    Acho um vinho muito justo pelo que custa, é feito pela Companhia das Quintas, é um Douro honesto, principalmente se levarmos em conta o preço.
    Abraço e parabéns pelo blog.

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    1. Caríssimo(a),
      Muito obrigado pela visita e pelo elogio ao blog. Espero contar sempre com sua visita.
      Que bom ter sua opinião sobre o 2009 e saber que ele ainda está evoluindo. Imagino que o 2011 deva então até exigir um tempo maior de adega, considerando a safra. Concordo plenamente com você! É um vinho muito justo pelo que custa. E os vinhos da Companhia das Quintas são mesmo muito bem feitos. Este Fronteira 2011 está a um preço imperdível na Wine.
      Grande abraço,
      Flavio

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  4. Achei bastante amargo...no final das contas não valeu a pena..mesmo muito barato !!

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    1. Oi Fábio,
      Eu também achei quando bebi logo ao ser aberto. No entanto, depois que o deixei descansando este amargo ficou imperceptível. Eu quero testar em decanter, para ver se em 1-2 horas também acontece o mesmo. Acho que um tempinho de adega lhe fará bem. Mas só testando...
      Abraços e obrigado pelo comentário!
      Flavio

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  5. Flávio,

    Eu comprei 4 garrafas e não abri nenhuma, principalmente depois de ler seu post. Vou guardar.

    abraços,

    Alexandre (DF)

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    1. Oi Alexandre,

      Experimente uma garrafinha por estes tempos para ver se concorda comigo...rs. E depois me fala. Eu acho que logo vou abrir outra para ver como ele está se comportando.

      Abraços,

      Flavio

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  6. Ok, devo abrir uma em janeiro, depois te conto.


    abraços,

    Alexandre.

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