domingo, 29 de junho de 2014

Na Copa, dançaram... Mas na taça, abafaram: Pago de los Capellanes Reserva 2006, Contino Reserva 2007, Muga Selección Especial 2009, Montesodi Riserva 2010, Mouchão 2007, Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta 2009 e Seña 2007!



Bem, quem está acompanhando a Copa 2014 sabe que todos os países produtores destes vinhos na foto já dançaram... O último foi o Chile, que fez um partidaço contra o Brasil e não seria nenhuma injustiça se tivesse passado. Mas uma coisa é certa: Essa turma da foto joga um bolão!
O primeiro é um Pago de los Capellanes Reserva 2006 levado pelo JP, que junto com o Caio, voltava de uma viagem cansativa a Beaune, Barcelona etc. Além dos (bons) quilinhos a mais, trouxeram boas botellas. Este Pago de Capellanes Reserva 2006 já foi levado pelo JP em outra oportunidade (clique aqui). É um vinhaço! Ribera del Duero de primeiríssima. Notas de cereja preta, cassis e caramelo. Em boca, fresco, rico e com final longo e especiado. Uma beleza! Importado pela Cava de Vinhos
Do ladinho dele, o vinho levado pelo Caião, uma obra da CVNE, o Contino Reserva 2007. O vinho é feito com Tempranillo 85%, Graciano 10%, Mazuelo 3% e Garnacha 2%, de vinhedos plantados na Rioja Alavesa. Passa 2 anos em barricas de carvalho francês e americano e 2 anos em adega antes de ir ao mercado. É um vinho que difere dos outros Rioja, inclusive de seus irmãos feitos pela própria CVNE (Cune e Viña Real). Este Contino é mais denso, mais "gordo". Ao nariz mostra notas de ameixa e cereja, em meio a toques terrosos, tostados e cravo. Em boca, é denso, redondo, com boa acidez e taninos redondos. Uma delícia de vinho. Se você está acostumado aos outros vinhos da CVNE, experimente este para ver a diferença. Vale muito a pena. Vinhão! Importado pela Vinci.
Ainda da Espanha, o vinho levado pelo Joãozinho, o Muga Selección Especial 2009. O seu irmão de 2005 já apareceu algumas vezes aqui no blog (clique aqui). E este não poderia deixar de seguir seus passos. Aliás, os vinhos Muga são sempre garantia de qualidade. Destaque para o seu frescor e especiarias, que lhes aportam muita riqueza. Este Seleción Especial 2009 estava uma beleza. É um vinho feito com Tempranillo 70%, Garnacha 20%, Mazuelo 7% e Graciano 3%. A fermentação é feita por leveduras indígenas e a maturação ocorre por 28 meses em barricas de carvalho feitas na própria tonelaria da bodega. Ao nariz mostra notas de cerejas pretas, cítricas, de ervas e especiarias. Em boca, repete o nariz, mostra ótimas acidez, mineralidade e taninos redondos. Está ótimo agora, mas o tempo lhe fará muito bem. É outro vinhão! Aliás, a Wine Spectator lhe outorgou belos 95 pontos. Se vir um deste pela frente, não hesite: Coloca na cesta!
No centro da foto o único da Bota, levado pelo Thiago. É um Montesodi Riserva 2010, de Marchesi de Frescobaldi. Bem, aqui também se trata de um vinho com pedigree. O vinho é feito com 100% Sangiovese do Cru Montesodi, vinhedo de 20 hectares que fica na região do Castello di Nipozzano. A maturação é feita por 18 meses em barricas de carvalho. É um vinho com aromas muito ricos, de cerejas, groselha e ameixas, em meio a alcaçuz, tabaco e um tostadinho bem charmoso. Em boca, repete o nariz e destaca-se pela sedosidade. Incrível para um 100% Sangiovese de apenas 4 anos. O final é longo e especiado. Vinho de exceção. Delicioso! É outro que ganhará muito com adega. Mas este já foi... Se o Thiago quiser levar outra garrafa deste, pode levar que ficarei muito feliz!
E seguindo nos vinhões, dois alentejanos de muita qualidade. Aliás, feitos pela batuta do mesmo enólogo, o grande Paulo Laureano. O primeiro deles foi levado por este que vos escreve, o Mouchão 2007. Bem, Mouchão dispensa comentários. É tradição pura e garantia de qualidade. As uvas [Alicante Bouschet  (majoritária) e Trincadeira] são pisadas a pé, com os engaços, em grandes lagares com capacidade para 6.000-8.000 kilos, onde também ocorre a fermentação. Posteriormente o vinho é trasfegado para grandes tonéis de 4.000 litros, onde ficam por um ano. No segundo e terceiro anos, 80% do vinho é mantido nos grandes tonéis e 20% em barricas de carvalho francês. No terceiro ano ocorre a seleção dos lotes e engarrafamento. No quarto e quinto ano, estágio em garrafa, e neste último, lançamento ao mercado. É um vinho de bela cor grená e aromas de frutas compotadas, balsâmicos, madeira e especiarias. Ganha muito com a decantação, que é necessária. No começo já é muito bom, mas com o tempo vai mudando e ficando ainda melhor. Vão se destacando as especiarias. Em boca, é rico, especiado, com madeira bem integrada e taninos presentes, mas muito corretos. Outro vinhão, para quem gosta de tradição e estrutura. E tem longa vida pela frente. Importado pela Adega Alentejana.
E na foto, à direita do Mouchão, o Paulo Laureano Reserve Vinea Julieta Talhão 24 2009. Este vinho, levado pelo Paulinho, que é apreciador declarado de grandes vinhos portugueses, foi para mim e outros confrades, a grande surpresa da noite. É feito com Alfrocheiro, Alicante Bouschet e Tinta Grossa, com maturação de 24 meses em barricas de carvalho de 225 e 400 litros. O talhão 24 é o mais antigo das vinhas e as uvas foram plantadas completamente misturadas. Por isso, segundo o produtor, só pode ser produzido em anos particulares, quando as uvas atingem a maturação simultânea apropriada. Como o próprio produtor menciona, é um vinho com aromas e sabores exóticos. Aliás, é seu grande destaque. Diferente de todos os outros apreciados na noite. Lembra amoras silvestres, daquelas mais azedinhas, em meio a azeitona preta, chocolate amargo, especiarias e notas minerais. Em boca, repete o nariz em seu exotismo. Destaque mais uma vez para a mineralidade, boa acidez e especiarias. Um vinho particular, que foge da mesmice de tantos outros e que me chamou muito a atenção. Este quero apreciar uma garrafa daqui a uns anos, pois deve melhorar ainda mais. Uma beleza de vinho! Só por curiosidade, a Wine Spectator lhe deu 84 pontos... Estão loucos??? 
Bem, e para finalizar, o vinho que chegou por último, nas mãos de nosso querido Tonzinho: Seña 2007! Chileno de estirpe que já bateu muitos bordozões em degustações às cegas. Aliás, o Tonzinho uma vez já nos brindou com um 2006, que na época, estava muito novo. Este 2007, também é um jovem. Mas já mostra muito riqueza. Vinho de grande safra, é feito com Cabernet Sauvignon 57%, Carmenére 20%, Merlot 12%, Cabernet Franc 6% e Petit Verdot 5%. Ao nariz mostra notas de amoras, cassis, chocolate amargo e especiarias (com destaque para a pimenta preta). Em boca, repete o nariz e é tânico, mas com taninos muito corretos, que devem se arredondar com o tempo. Outro vinho excelente, para brigar mesmo com grandes de Bordeaux, e com muitos anos pela frente. Se for bebê-lo agora, deixe o danado uma horinha no decanter para amaciar. Isso aí, Tonzinho!
Bem pessoal, é isso aí! A noite foi power. Não teve um único vinho que não tenha feito sucesso. Foram escolhidos a dedo para brindar o retorno dos glutões! rs.



8 comentários:

  1. que beleza, tenho muita curiosidade com o Montesordi ainda bem que vc postou sobre ele os outros nada a declarar, a não ser a surra que o seña 2005 levou aqui em casa do lota 2006 kkkk, grande abraço, fizemos uma graça acredito digna de suas degustações aí. Barolo Prunotto 2006, Barolo Fontanafreda 2006, Amat 2007 e Antyal 2009, grande abraço amigo!!

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    1. Oi Hélio,
      O Montesodi foi um vinho que agradou a todos. Muita finesse! Caramba! Legal saber desta degustação em que colocaram de frente o Seña e o Lota. Ainda não bebi este último, mas sempre ouvi falar bem. Outro que ouvi falar bem é o Canepa Magnificum, que dizem bater de frente com os chilenos "carões". Este eu tenho uma garrafinha aqui para checar.
      Excelente degustação esta de vocês, hein! Só vinhões!
      Grande abraço, meu amigo! Esteja sempre por aqui!
      Flavio

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    2. Olha eu bebi o Magnificvm e preferi ele ao Dom Melchor e ao Manso de Velasco, assim como achei no mesmo nível do Casa Real... mas garrafas são segredos que se mostram somente a cada abertura de rolha e uma sempre conta uma estoria diferente da outra.

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    3. Oi Hélio,
      Bom saber disso sobre o Magnificum! E você tem razão: A gente só sabe mesmo sobre o vinho após abrí-lo! E cada garrafa é particular.
      Grande abraço,
      Flavio

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  2. Flavio, meu caro, cada vez a coisa melhora em sua confraria, não? A propósito, pelo que percebo das postagens aqui, você participa de mais de uma, não?

    Esse Mouchão 2007, realmente, está muito bom. Mas, sinceramente, o 2006 - hoje - estão bem mais aberto. É outro vinho.

    Pensei que o Muga SE 2009 estaria ainda bem novo. Ainda tenho um 2005 que logo abrirei.

    Achas que o Laureano Vinea Juelieta 2009 aguenta ainda quanto tempo? Tenho duas garrafas dele.

    Abs.,

    Roberto.

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    1. Oi Roberto,
      Pois é, a turma pega pesado de vez em quando... Ontem mesmo (logo faço a postagem) um amigo levou embrulhado um Flaccianello 2006... Pancada!
      Na verdade, participo desde 2008 de uma Confraria chamada Confraria do Ciao, que se reunia no restaurante do mesmo nome. No entanto, o restaurante, que é de um amigo, não está mais abrindo à noite. Assim, nossa confraria está "nômade"...rs. Mas continua sendo a Confraria do Ciao, mantendo os membros antigos e incorporando uns novos. Por outro lado, de vez em quando bebo vinhos com outros amigos, igualmente apreciadores de bons vinhos...
      Quanto ao Mouchão, não bebi o 2006. Mas acredito mesmo que ele esteja mais pronto, considerando a safra. No entanto, o 2007, depois de decantado e algumas horas aberto, ficou um estrondo. Bem, Mouchão é Mouchão, você conhece bem.
      O Muga Seleccion Especial 2009 está realmente novo. Mas está uma beleza! O 2005 já está pronto. Já apreciamos algumas garrafas dele, que sempre agrada. Também tenho uma de resto lá na adega e quero deixar mais um pouquinho para ficar ainda melhor.
      O Vinea Julieta acho que aguenta ainda muito tempo. É vinho de estirpe. Mas se você quiser abrir uma já, não ficará decepcionado. Aliás, ficará é muito feliz! Vinhão!
      Abraços,
      Flavio

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  3. Sim, Flavio: para comemorar a suada classificação do Brasil sobre o Chile, abri com meu pai um Don Melchor 2008, vinhão, mas muito fechado ainda.

    Tenho sérias dúvidas se, entre ele e um Mouchão, não ficaria com o segundo.

    Abs.,

    Roberto.

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    1. Pois é, Roberto... O Brasil suou e até chorou...rs. Não foi fácil Os chilenos estão com um ótimo time. Ótima comemoração a sua, hein! Acho que o Don Melchor 2008 ainda tem muito caminha a percorrer. Quando bebi, tempos atrás, mostrava esta juventude. Olha, quanto à sua dúvida, entre ele e o Mouchão, como apreciador de bons portugueses, acredito que você ficaria mesmo com o segundo. E eu te acompanho!
      Grande abraço,
      Flavio

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