segunda-feira, 27 de julho de 2015

Uma dupla sensacional: E. Guigal Hermitage Branco 2010 e Duas Quintas Reserva Especial 2004!

Não é todo dia que se aprecia vinhos deste calibre. E estes dois que descreverei foram abertos para celebrar o encontro com o amigo Roberto, leitor assíduo aqui do blog. Aliás, esta é uma das coisas boas do blog: A possibilidade de fazer novos amigos e até encontrá-los pessoalmente. O Roberto, que reside em Pernambuco, veio a trabalho para o interior de São Paulo e em sua passagem por Ribeirão Preto, deu uma esticada a São Carlos para um almoço e bons vinhos, claro. E acho que o "sacrifício" valeu a pena. Vamos começar pelo vinho que levei.  
Era um E.Guigal Hermitage 2010. Aqui, tem tudo para dar certo: Produtor excelente e safra histórica. Assim, só podíamos mesmo esperar coisa grandiosa. O vinho é feito com Marsanne (95%) e Roussanne, de vinhedos com 30 a 90 anos de idade, e a maturação feita em barricas de segundo uso. Sua cor era dourada, brilhante, belíssima. Ao nariz, mostrava notas florais, alecrim, de pêssego, uvaia, mel e frutos secos. Em boca, repetia o nariz e mostrava ótima acidez e mineralidade.  O final é muito longo, com toques de ervas (alecrim) e amêndoas. É daqueles vinhos que evapora ligeiro da taça e da garrafa, e que a gente fica triste quando acaba. Uma delícia! Perfeito sozinho ou acompanhando peixes e frutos do mar. Tem ainda longa vida pela frente, mas já está excelente agora.


NotaTem gente que ainda confunde Hermitage com Crozes-Hermitage. Bem, a colina de Hermitage (ou Ermitage, em escrita mais antiga), que tem apenas 134 hectares de vinhedos, é praticamente envolta pela bem maior AOC Crozes-Hermitage. A densidade permitida em Hermitage é menor, assim como o número de produtores bem limitado. As uvas e procedimentos usados em Crozes-Hermitage são semelhantes, mas os vinhos não atingem a qualidade dos grandiosos Hermitage, cujos vinhos tem como rivais no Rhone apenas os grandes Côte-Rotie (para os tintos) e os Condrieu e Chateau Grillet (para os brancos). Por outro lado, muita gente subestima os vinhos de Crozes-Hermitage. Embora possam ser encontrados nesta AOC vinhos de qualidade irregular, há aqueles, de grandes produtores, que são muito bons. Exemplos são aqueles produzidos por Alain Grillot, Jaboulet, Delas, Chapoutier, Colombier, etc, que são de primeira. Em suma, se for comprar um Hermitage, pode fechar os olhos, tirar o escorpião do bolso e mandar ver. Se for comprar um Crozes-Hermitage, fique com os melhores produtores. E se quiser fazer uma brincadeira, pegue um bom Crozes-Hermitage tinto de um bom produtor e coloque ao lado de um Syrah do novo mundo, na mesma faixa de preço, e depois me diga o que aconteceu...rs. 

Bem, e depois de apreciarmos o belo branco, passamos pelo vinho trazido pelo amigo Roberto. E era um grande vinho, top da tradicional Casa Ramos Pinto: Duas Quintas Reserva Especial 2004! Se o Duas Quintas Clássico já é muito bom e o Duas Quintas Reserva excelente, imaginem este Reserva Especial... O vinho é feito de forma tradicional, com fermentação em lagares de granito e pisa a pé. É um corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Tinta da Barca, Souzão e Bastardo. A maturação é feita em barricas de carvalho francês por 18 meses. O vinho tem cor bem escura, com halos amarronzados. Ao nariz é riquíssimo, mostrando notas de frutas maduras (destaque para a cereja preta), ameixa seca, minerais, tabaco, café, alcaçuz e carvalho. Em boca é untuoso, denso, mineral, com notas de ginja, café e alcaçuz. Os taninos são redondos e o final interminável, com notas de chocolate amargo e especiarias. Riquíssimo! Um vinho superlativo. Foi o primeiro da linha que bebi, e fiquei impressionado. Bem, esperar o que de um vinho feito sob a batuta de João Nicolau de Almeida, filho de Fernando Nicolau de Almeida, criador do mítico Barca Velha? 
Valeu, Roberto!


3 comentários:

  1. Flavio, meu caro, estou muito feliz.

    Primeiro, por poder ter tido a oportunidade de tomar dois grandes vinho com você, pessoa que muito me influenciou a gostar de vinhos e estudá-los.

    Segundo pela honra de ser mencionando numa postagem sua. Como sempre, brilhante.

    Terceiro por você ter feitos elogios tão rasgados ao vinho que levei. Realmente, é um vinhão.

    Quarto pelo Hermitage Branco. Que vinho maravilhoso.

    Vamos marcar uma próxima, e tentar levar vinhos ainda melhores. Quem sabe aqui em Recife.

    Abs.,

    Roberto.

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    1. Caríssimo Roberto!
      A felicidade foi minha em desfrutar da companhia do amigo, regada a grandes vinhos. O Duas Quintas RE estava mesmo sensacional! Só aumentou a minha admiração pelos vinhos da linha. Mas deixou aquela vontade danada de abater outro...rs.
      Sem dúvida vamos marcar outras reuniões. E se for em Recife, será um grande prazer. Desde já, agradeço o convite!
      Aliás, tem um amigão da Confraria que está passando uma semana por mês aí, a trabalho. Quem sabe vocês não se encontram para beber uns vinhões juntos?
      Um grande abraço,
      Flavio

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    2. Seria ótimo, poderias fazer o contato? Seria muito bom mesmo, Flavio.

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