sexta-feira, 24 de julho de 2015

Uma noite portuguesa, com certeza: Incógnito 2009, Quinta do Noval 2009, Adega de Borba Grande Reserva 2011, Vallado Reserva 2011, Cartuxa Reserva 2011, Pacheca Reserva 2011 e um Chateauneuf de intruso!

Nada foi combinado, mas em noite que celebrávamos a volta de nosso confrade Rodrigo de uma viagem, choveu vinho português da melhor qualidade. E no meio da noite, eu me perguntava como iria comentar sobre aqueles vinhos, todos excelentes. E a turma me fez a mesma pergunta. A primeira coisa a dizer é que não teve um sequer que não tenha gerado um sorriso na cara de todos os confrades. Era elogio atrás de elogio. Todos impecáveis! Mas vocês podem ver que no meio da foto tem um intruso francês, um
Chateauneuf du Pape Mourre du Tendre 2010. Ele foi levado pelo Joãozinho e no início, mostrava-se melhor em nariz que em boca, onde estava um pouco fechado. Mas o vinho, da belíssima safra, foi se abrindo e no final da noite estava uma beleza. É CdP à moda antiga, mais austero, feito com Grenache majoritária e uma pitada de Mourvédre. Ao nariz é floral e com notas de framboesa e cassis, em meio a ervas. Com o tempo as notas de ervas foram ficando mais evidentes, com destaque para alecrim e sálvia. Em boca estava reticente no início, mas depois foi se abrindo e mostrando ótima complexidade e final herbáceo. A acidez era ótima e os taninos bem evidentes, ainda por arredondar. CdP novo, claro, de ótima estrutura e com grande potencial de guarda. Mas esse, já foi... Mr. Parker também gostou dele, tascando 95 pontos.
E os portugueses? Foram vários, e grandes. O primeiro, levado pelo Rodrigo, era um grande Incógnito 2009. Syrah de primeiríssima, cuja história é conhecida de todos. Aqui o negócio pega... O vinho estava maravilhoso. Ao nariz mostrava fruta na medida (amoras e mirtilo), mineralidade, azeitona preta, chocolate amargo e especiarias... Em boca, repetia no nariz, mostrava acidez perfeita, taninos sedosos, mineralidade e final longo e especiado. Equilíbrio perfeito. Sem dúvida alguma um dos maiores vinhos portugueses. Primeiríssima linha! Para rir: A WS lhe deu 87 pontos! "Tá de brincation with me?"
O Paolão levou outro de primeira grandeza, e do mesmo ano:
Quinta do Noval 2009. Eu adoro os vinhos desta vinícola, desde o mais simples Cedro do Noval. Mas este DOC é outro papo. Degraus acima. Tempos atrás bebi um 2008 que estava demais. E este 2009 seguiu na mesma linha, com destaque para um lado mineral bem característico, que faz a gente sempre querer uma taça a mais. Notas de frutas silvestres, amoras, em meio a cacau, tostado e grafite. É um vinho com muita estrutura e grande potencial de guarda. Muito complexo, concentrado (mas elegante), intenso e com aquele final interminável. Vinhaço! Para guarda, sem medo.
O JP levou outro vinho que sempre agrada (principalmente este que vos escreve...rs), e da grande safra de 2011: Quinta do Vallado Reserva 2011. Outro vinho de primeira. No início estava um pouco reticente em mostrar suas qualidades, mas depois de meia horinha começou a mostrar todas elas. E são muitas! Ao nariz mostrava notas de ameixa, kirsch, alcaçuz e outras especiarias, com um fundo mineral. Em boca, repetia o nariz e mostrava muito equilibrio. O final era longo, com notas herbáceas e minerais. O vinho, como muitos 2011 que tenho bebido, mostra-se incrivelmente pronto para ser apreciado, mas com belo futuro pela frente, para os pacientes... Mais um belo Vallado Reserva, sempre presente aqui no blog. A WS não lhe poupou elogios, outorgando-lhe belos 96 pontos. 
Eu levei outro também da bela safra, e que também é um queridinho da turma: Cartuxa Reserva 2011. Diferentemente de seu primo duriense descrito anteriormente, este alentejano, feito com as tradicionais Alicante Bouschet e Aragonez, esbanjava fruta madura (cereja e ameixa) em meio à baunilha, chocolate, tabaco e especiarias doces. Em boca mostrava grande intensidade, fruta madura e final longo. Os taninos estavam sedosos ao extremo. Não parece ter apenas 4 anos. Mais uma beleza de Cartuxa Reserva. Compra certa e prazer garantido!

E continuando no Alentejo, o vinho levado pelo Rei dos Portugueses, nosso confrade Paulinho: Adega de Borba Grande Reserva 2011. Para quem já conhece o famoso rótulo de cortiça, este é outro comprimento de onda. Fica degraus acima. É uma edição limitada, feita apenas em grandes safras, com as tradicionais uvas Trincadeira e Alicante Bouschet, de vinhas antigas.  Mostra notas de amoras e ameixa em meio a especiarias e notas minerais. Em boca, repete o nariz, mostra frescor e muita sedosidade. É como se fosse uma versão mais domada de seu conterrâneo Cartuxa Reserva, com fruta mais contida, mas muita estrutura. Ótimo vinho!

E para finalizar a saga portuguesa, chega o Tonzinho com um Pacheca Reserva Vinhas Velhas 2011. Outro belo vinho, feito com Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga
Nacional, Tinta Cão, Sousão e Tinta Amarela, com pisa a pé e maturação em carvalho francês. Nariz com notas de framboesa, cereja e notas lácteas, café com leite e caramelo. Ao fundo, um tabaco discreto e que dava charme ao conjunto. Em boca, repetia o nariz e era muito redondo e prazeiroso. Um duriense diferente dos demais bebidos na noite. Todos gostamos!
Bem, ainda mandamos um Bordeaux levado pelo Thiago, mas como bebi pouco e já estava com a língua cozida, nem vou apresentar minhas impressões.
Que noite!!!



2 comentários:

  1. Flavio, meu caro, mais que postagem!! Parabéns.

    Olha, de tudo digo e pergunto o seguinte:

    a) tomei um Noval 2005, dos dois que comprei, soberbo. Impressiona a potência, com elegância, num vinho 2005, talvez por seu amadurecido à moda antiga;

    b) se o Reserva 2011 é top, o que dizer do Adelaide 2011?

    c) entre o Incógnito e o Monte D´Oiro Syrah 24, qual é o melhor Syrah lusitano?

    Abs.,

    Roberto.

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    1. Caríssimo Roberto!
      Muito obrigado, meu amigo! Por coincidência, estava aqui finalizando a postagem sobre os vinhos que bebemos aquele dia em São Carlos. Acho que libero amanhã ou depois.
      Imagino que este Noval 2005 estava uma beleza, não? Acredito que os mais novos, devidamente envelhecidos, devem ganhar muito também. Eu fico impressionado como os vinhos Noval aliam a potência e elegância! Incrível! E tem ainda um lado mineral que muito me agrada.
      Quanto ao Adelaide, fico imaginando como deve ser...rs. Um estrondo, provavelmente, pois o Vallado Reserva já é excelente. É um que quero beber um dia. Deve ser mais ou menos o que acontece entre o Duas Quintas Reserva e o Reserva Especial, não?
      Bem, a sua última pergunta é muito difícil de responder...rs. Ambos são grandes. Mas uma coisa que vi é que o Incógnito precisa de tempo em garrafa. Novo ele esbanja muita fruta. Mas com o tempo...rs. Logo escreverei sobre o 2011, que bebemos recentemente. Eu adoro os Monte D'Oiro, e este que você cita, em particular, é maravilhoso. Decisão difícil... Desta vez vou ficar no empate técnico.
      Abraços,
      Flávio

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