Na semana passada a reunião semanal da Confraria do Ciao foi na cozinha do amigo Tom, com seus assados maravilhosos. A turma teve o desfalque do Fernandinho (que errou o dia, pensou que fosse quarta-feira...kkkk) e do Paolão, que está sofrendo lá no Rhone. Bem, mas o amigo Marcelo Margarido, que aparece só de vez em quando, deu o ar da graça.
Vou começar por um grande, ofertado pelo amigo Tonzinho: um Nicolas Catena Zapta 2008. Aqui tratamos de coisa grande. O primeiro Nicolas foi feito em 1997 e desde aquela época tem sido considerado um dos maiores vinhos da América do Sul. Ele é feito com Cabernet Sauvignon das melhores parcelas da vinícola. Quando o Nicolas 1997 foi lançado, em 2000, participou de diversas degustações às cegas na europa, contra Chateau Latour, Haut Brion, Caymus, Solaia e Opus One, e em todas ficou em primeiro ou segundo lugar. O 2008 foi feito com 65% Cabernet Sauvignon e 35% Malbec, dos vinhedos Pirámide, Adrianna, Domingo e Nicásia. A fermentação foi feita em barricas novas de carvalho francês e a maturação também em carvalho francês, por 24 meses. Mirtilo, cassis, ameixa, alcaçuz, chocolate, notas florais e muitas ervas. Aliás, a presença de ervas aromáticas me chamou a atenção. Como disse ao Tonzinho, era como se colocássemos várias delas em uma tábua e sentíssemos os aromas após o corte. Em boca era muito sedoso, refinado, com taninos perfeitos. Um grande vinho! Para me agradar mais ainda, poderia ser um pouquinho menos doce. Lembrou-me um pouco o ladinho doce de alguns vinhos americanos. Mas vou fazer uma crítica a nós, confrades: Este vinho está muito novo! Ficará mais integrado em alguns anos. Diferentemente de grandes bordeaux, que em sua juventude são fechados, nervosos, e precisam de tempo para se abrirem e serem domados, o Nicolás já é macio, mas a meu ver precisa de tempo para integrar melhor suas virtudes. Cometemos (mais) um pecado...rs. Quero beber um desse mais velhinho...
O JP levou um ótimo Beronia Gran Reserva 1995. Um vinho já senhorio, cor e aromas de cereja ao marrasquino. Já no seu ápice. Os aromas de cereja se misturavam a notas de tabaco e alcaçuz. Em boca, muito redondo, gostoso, mas com baixa acidez. Vinho muito bom, embora unidimensional, talvez já pela idade. Se tiver um desses, beba logo, e vai se divertir.
E como eu sabia que o JP ia levar o 95, resolvi levar o irmão dele, o Beronia Gran Reserva 2001. Este eu já comentei aqui no blog (clique aqui), e nem vou colocar a foto. Embora fosse patente o DNA do produtor, o 2001 estava bem mais vivo e rico. Destaque para as notas de cereja preta, tostadas, balsâmicas, couro e alcaçuz. Ah, e um fundinho de mel discreto e interessante. Vinho muito redondo e sedoso. Uma delícia! Talvez seu irmão de 95 fosse assim alguns anos atrás. Foi divertida a comparação.
Nosso confrade esporádico, mas muito querido, Marcelo Margarido, levou um grande Chryseia 2000. Eu fiquei curioso com ele, pois havia apreciado um Chryseia 2006 tempos atrás, que se mostrava novão, e queria beber um desses mais antigo. No entanto, o que vi foi um vinho completamente diferente do 2006. O 2000 é muito mais ao estilo austero, tradicional, menos moderno. O vinho é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Cão. A fermentação ocorreu em inox e a maturação por apenas 8 meses em cascos de carvalho francês (400 litros). Nos mais recentes o tempo passou para 12 meses. Sua cor, influenciada pelo tempo, mas também característica que o difere dos atuais, é mais clara, tendendo à cereja. Ao nariz, o lado floral da Touriga Nacional não se destaca tanto. Nada de fruta muito madura e excessos. Notas de cereja e framboesa se mesclavam a notas de couro e cedro. Em boca, era seco, com taninos corretos e um fundinho de madeira no tanto certo. Um vinho distinto, diferente das novas tendências. No começo, causou-me até certa estranheza, pois esperava um Chryseia parecido com o 2006 que havia apreciado, mas com o tempo, foi mostrando categoria. Aqui se vê a influência bordalesa de Bruno Prats (Cos d'Estournel). Vinhão, Marga!
E nosso amigo Rodrigo não deixou por menos e levou um riojano de peso: Tondonia Reserva 2000. Esse eu já levei uma vez prá turma (clique aqui). Falar de Tondonia é chover no molhado, pois é grande vinho sempre. Se você quer beber Rioja tradicional, experimente um deles. É elaborado com leveduras indígenas, maturado em barricas usadas de carvalho americano por longos anos (6 anos este Reserva), clarificado com claras de ovos e submetido a inúmeras trasfegas. A cor já é particular, lembrando um borgonha. Ao nariz, notas de cereja, cítricas e de especiarias. Em boca, taninos domados pelo tempo e acidez correta. Uma beleza, sempre! E amado pela nossa turma.
E não contente, o Tonzinho foi na adega e ainda trouxe um Manso de Velasco 2008. O Tonzinho não estava para brincadeira. Esse vinho é um dos meus chilenos preferidos. Já comentei aqui sobre o 2006, que me agradou muito. A assinatura do vinho estava também neste 2008. É um vinho com muita fruta madura (mirtilo, ameixa, cassis) compotada (mas sem incomodar), chocolate e alcaçuz. É cheio de camadas e vai mudando com tempo em taça. Em boca é amplo, vivo, mastigável, e com taninos doces e sedosos. Um vinho excelente e que merece mesmo ser sempre considerado um dos melhores Cabernet Sauvignon do Chile sempre, no Guia Descorchados.
Vou começar por um grande, ofertado pelo amigo Tonzinho: um Nicolas Catena Zapta 2008. Aqui tratamos de coisa grande. O primeiro Nicolas foi feito em 1997 e desde aquela época tem sido considerado um dos maiores vinhos da América do Sul. Ele é feito com Cabernet Sauvignon das melhores parcelas da vinícola. Quando o Nicolas 1997 foi lançado, em 2000, participou de diversas degustações às cegas na europa, contra Chateau Latour, Haut Brion, Caymus, Solaia e Opus One, e em todas ficou em primeiro ou segundo lugar. O 2008 foi feito com 65% Cabernet Sauvignon e 35% Malbec, dos vinhedos Pirámide, Adrianna, Domingo e Nicásia. A fermentação foi feita em barricas novas de carvalho francês e a maturação também em carvalho francês, por 24 meses. Mirtilo, cassis, ameixa, alcaçuz, chocolate, notas florais e muitas ervas. Aliás, a presença de ervas aromáticas me chamou a atenção. Como disse ao Tonzinho, era como se colocássemos várias delas em uma tábua e sentíssemos os aromas após o corte. Em boca era muito sedoso, refinado, com taninos perfeitos. Um grande vinho! Para me agradar mais ainda, poderia ser um pouquinho menos doce. Lembrou-me um pouco o ladinho doce de alguns vinhos americanos. Mas vou fazer uma crítica a nós, confrades: Este vinho está muito novo! Ficará mais integrado em alguns anos. Diferentemente de grandes bordeaux, que em sua juventude são fechados, nervosos, e precisam de tempo para se abrirem e serem domados, o Nicolás já é macio, mas a meu ver precisa de tempo para integrar melhor suas virtudes. Cometemos (mais) um pecado...rs. Quero beber um desse mais velhinho...
O JP levou um ótimo Beronia Gran Reserva 1995. Um vinho já senhorio, cor e aromas de cereja ao marrasquino. Já no seu ápice. Os aromas de cereja se misturavam a notas de tabaco e alcaçuz. Em boca, muito redondo, gostoso, mas com baixa acidez. Vinho muito bom, embora unidimensional, talvez já pela idade. Se tiver um desses, beba logo, e vai se divertir.
E como eu sabia que o JP ia levar o 95, resolvi levar o irmão dele, o Beronia Gran Reserva 2001. Este eu já comentei aqui no blog (clique aqui), e nem vou colocar a foto. Embora fosse patente o DNA do produtor, o 2001 estava bem mais vivo e rico. Destaque para as notas de cereja preta, tostadas, balsâmicas, couro e alcaçuz. Ah, e um fundinho de mel discreto e interessante. Vinho muito redondo e sedoso. Uma delícia! Talvez seu irmão de 95 fosse assim alguns anos atrás. Foi divertida a comparação.
Nosso confrade esporádico, mas muito querido, Marcelo Margarido, levou um grande Chryseia 2000. Eu fiquei curioso com ele, pois havia apreciado um Chryseia 2006 tempos atrás, que se mostrava novão, e queria beber um desses mais antigo. No entanto, o que vi foi um vinho completamente diferente do 2006. O 2000 é muito mais ao estilo austero, tradicional, menos moderno. O vinho é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Cão. A fermentação ocorreu em inox e a maturação por apenas 8 meses em cascos de carvalho francês (400 litros). Nos mais recentes o tempo passou para 12 meses. Sua cor, influenciada pelo tempo, mas também característica que o difere dos atuais, é mais clara, tendendo à cereja. Ao nariz, o lado floral da Touriga Nacional não se destaca tanto. Nada de fruta muito madura e excessos. Notas de cereja e framboesa se mesclavam a notas de couro e cedro. Em boca, era seco, com taninos corretos e um fundinho de madeira no tanto certo. Um vinho distinto, diferente das novas tendências. No começo, causou-me até certa estranheza, pois esperava um Chryseia parecido com o 2006 que havia apreciado, mas com o tempo, foi mostrando categoria. Aqui se vê a influência bordalesa de Bruno Prats (Cos d'Estournel). Vinhão, Marga!
E nosso amigo Rodrigo não deixou por menos e levou um riojano de peso: Tondonia Reserva 2000. Esse eu já levei uma vez prá turma (clique aqui). Falar de Tondonia é chover no molhado, pois é grande vinho sempre. Se você quer beber Rioja tradicional, experimente um deles. É elaborado com leveduras indígenas, maturado em barricas usadas de carvalho americano por longos anos (6 anos este Reserva), clarificado com claras de ovos e submetido a inúmeras trasfegas. A cor já é particular, lembrando um borgonha. Ao nariz, notas de cereja, cítricas e de especiarias. Em boca, taninos domados pelo tempo e acidez correta. Uma beleza, sempre! E amado pela nossa turma.
E não contente, o Tonzinho foi na adega e ainda trouxe um Manso de Velasco 2008. O Tonzinho não estava para brincadeira. Esse vinho é um dos meus chilenos preferidos. Já comentei aqui sobre o 2006, que me agradou muito. A assinatura do vinho estava também neste 2008. É um vinho com muita fruta madura (mirtilo, ameixa, cassis) compotada (mas sem incomodar), chocolate e alcaçuz. É cheio de camadas e vai mudando com tempo em taça. Em boca é amplo, vivo, mastigável, e com taninos doces e sedosos. Um vinho excelente e que merece mesmo ser sempre considerado um dos melhores Cabernet Sauvignon do Chile sempre, no Guia Descorchados.
O Caião levou o irmão menor dos grandes La Rioja Alta, o Viña Alberdi 2005. O vinho é uma boa introdução aos vinhos desta tradicional vinícola Riojana. Já comentei aqui sobre o Gran Reserva 904 1994, que bebemos esse ano e estava maravilhoso. O Alberdi é feito majoritariamente com Tempranillo e aquelas pitadinhas clássicas de outras uvas que lhe aportam mais peso, cor e acidez. O envelhecimento é o tradicional, em barricas de carvalho americano por 24 meses, o que aporta a característica baunilha, já evidente nas primeiras cafungadas. O primeiro ano é em barricas novas e o segundo em barricas de 3 anos. A cereja se mostra entre notas de café com leite, leve balsâmico e cítricas leves. Em boca é muito sedoso, com boa acidez e taninos muito redondos. É um vinho muito bom, que mescla tradição e modernidade, e que parecia ser mais novo.
Bem pessoal, e foi isso. Muito vinhobão! Como sempre...
Bem pessoal, e foi isso. Muito vinhobão! Como sempre...
![]() |
A turminha reunida... |