quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Que é isso pessoal? NICOLAS CATENA ZAPATA 2008, CHRYSEIA 2000, TONDONIA RESERVA 2000, BERONIA GRAN RESERVA 1995, BERONIA GRAN RESERVA 2001, MANSO DE VELASCO 2008 e VIÑA ALBERDI 2005!!!

Na semana passada a reunião semanal da Confraria do Ciao foi na cozinha do amigo Tom, com seus assados maravilhosos. A turma teve o desfalque do Fernandinho (que errou o dia, pensou que fosse quarta-feira...kkkk) e do Paolão, que está sofrendo lá no Rhone. Bem, mas o amigo Marcelo Margarido, que aparece só de vez em quando, deu o ar da graça.
Vou começar por um grande, ofertado pelo amigo Tonzinho: um Nicolas Catena Zapta 2008. Aqui tratamos de coisa grande. O primeiro Nicolas foi feito em 1997 e desde aquela época tem sido considerado um dos maiores vinhos da América do Sul. Ele é feito com Cabernet Sauvignon das melhores parcelas da vinícola. Quando o Nicolas 1997 foi lançado, em 2000, participou de diversas degustações às cegas na europa, contra Chateau Latour, Haut Brion, Caymus, Solaia e Opus One, e em todas ficou em primeiro ou segundo lugar. O 2008 foi feito com 65% Cabernet Sauvignon e 35% Malbec, dos vinhedos Pirámide, Adrianna, Domingo e Nicásia. A fermentação foi feita em barricas novas de carvalho francês e a maturação também em carvalho francês, por 24 meses. Mirtilo, cassis, ameixa, alcaçuz, chocolate, notas florais e muitas ervas. Aliás, a presença de ervas aromáticas me chamou a atenção. Como disse ao Tonzinho, era como se colocássemos várias delas em uma tábua e sentíssemos os aromas após o corte. Em boca era muito sedoso, refinado, com taninos perfeitos. Um grande vinho! Para me agradar mais ainda, poderia ser um pouquinho menos doce. Lembrou-me um pouco o ladinho doce de alguns vinhos americanos. Mas vou fazer uma crítica a nós, confrades: Este vinho está muito novo! Ficará mais integrado em alguns anos. Diferentemente de grandes bordeaux, que em sua juventude são fechados, nervosos, e precisam de tempo para se abrirem e serem domados, o Nicolás já é macio, mas a meu ver precisa de tempo para integrar melhor suas virtudes.  Cometemos (mais) um pecado...rs. Quero beber um desse mais velhinho... 
O JP levou um ótimo Beronia Gran Reserva 1995. Um vinho já senhorio, cor e aromas de cereja ao marrasquino. Já no seu ápice. Os aromas de cereja se misturavam a notas de tabaco e alcaçuz. Em boca, muito redondo, gostoso, mas com baixa acidez. Vinho muito bom, embora unidimensional, talvez já pela idade. Se tiver um desses, beba logo, e vai se divertir. 
E como eu sabia que o JP ia levar o 95, resolvi levar o irmão dele, o Beronia Gran Reserva 2001. Este eu já comentei aqui no blog (clique aqui), e nem vou colocar a foto. Embora fosse patente o DNA do produtor, o 2001 estava bem mais vivo e rico. Destaque para as notas de cereja preta, tostadas, balsâmicas, couro e alcaçuz. Ah, e um fundinho de mel discreto e interessante. Vinho muito redondo e sedoso. Uma delícia! Talvez seu irmão de 95 fosse assim alguns anos atrás. Foi divertida a comparação.
Nosso confrade esporádico, mas muito querido, Marcelo Margarido, levou um grande Chryseia 2000. Eu fiquei curioso com ele, pois havia apreciado um Chryseia 2006 tempos atrás, que se mostrava novão, e queria beber um desses mais antigo. No entanto, o que vi foi um vinho completamente diferente do 2006. O 2000 é muito mais ao estilo austero, tradicional, menos moderno. O vinho é feito com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Cão. A fermentação ocorreu em inox e a maturação por apenas 8 meses em cascos de carvalho francês (400 litros). Nos mais recentes o tempo passou para 12 meses. Sua cor, influenciada pelo tempo, mas também característica que o difere dos atuais, é mais clara, tendendo à cereja. Ao nariz, o lado floral da Touriga Nacional não se destaca tanto. Nada de fruta muito madura e excessos. Notas de cereja e framboesa se mesclavam a notas de couro e cedro. Em boca, era seco, com taninos corretos e um fundinho de madeira no tanto certo. Um vinho distinto, diferente das novas tendências. No começo, causou-me até certa estranheza, pois esperava um Chryseia parecido com o 2006 que havia apreciado, mas com o tempo, foi mostrando categoria. Aqui se vê a influência bordalesa de Bruno Prats (Cos d'Estournel). Vinhão, Marga!
E nosso amigo Rodrigo não deixou por menos e levou um riojano de peso: Tondonia Reserva 2000. Esse eu já levei uma vez prá turma (clique aqui). Falar de Tondonia é chover no molhado, pois é grande vinho sempre. Se você quer beber Rioja tradicional, experimente um deles. É elaborado com leveduras indígenas, maturado em barricas usadas de carvalho americano por longos anos (6 anos este Reserva), clarificado com claras de ovos e submetido a inúmeras trasfegas. A cor já é particular, lembrando um borgonha. Ao nariz, notas de cereja, cítricas e de especiarias. Em boca, taninos domados pelo tempo e acidez correta. Uma beleza, sempre! E amado pela nossa turma.
E não contente, o Tonzinho foi na adega e ainda trouxe um Manso de Velasco 2008. O Tonzinho não estava para brincadeira. Esse vinho é um dos meus chilenos preferidos. Já comentei aqui sobre o 2006, que me agradou muito. A assinatura do vinho estava também neste 2008. É um vinho com muita fruta madura (mirtilo, ameixa, cassis) compotada (mas sem incomodar), chocolate e alcaçuz. É cheio de camadas e vai mudando com tempo em taça. Em boca é amplo, vivo, mastigável, e com taninos doces e sedosos. Um vinho excelente e que merece mesmo ser sempre considerado um dos melhores Cabernet Sauvignon do Chile sempre, no Guia Descorchados.
O Caião levou o irmão menor dos grandes La Rioja Alta, o Viña Alberdi 2005. O vinho é uma boa introdução aos vinhos desta tradicional vinícola Riojana. Já comentei aqui sobre o Gran Reserva 904 1994, que bebemos esse ano e estava maravilhoso. O Alberdi é feito majoritariamente com Tempranillo e aquelas pitadinhas clássicas de outras uvas que lhe aportam mais peso, cor e acidez. O envelhecimento é o tradicional, em barricas de carvalho americano por 24 meses, o que aporta a característica baunilha, já evidente nas primeiras cafungadas. O primeiro ano é em barricas novas e o segundo em barricas de 3 anos. A cereja se mostra entre notas de café com leite, leve balsâmico e cítricas leves. Em boca é muito sedoso, com boa acidez e taninos muito redondos. É um vinho muito bom, que mescla tradição e modernidade, e que parecia ser mais novo.
Bem pessoal, e foi isso. Muito vinhobão! Como sempre...
A turminha reunida...

4 comentários:

  1. Flávio,
    As reuniões da sua confraria só perdem pras degustações das grandes importadoras. Vcs já derrubaram uma manada de espanhóis tops nesse ano! Ainda apareço em São Carlos numa semana qualquer, rsrs.
    Provei esse Nicolas Catena no evento da Mistral e achei a mesma coisa que vc. Ele já vem pronto de fábrica. Pode ser bebido jovem, mas se apresenta bem frutado e um ligeiramente adocicado. Tenho em casa o Malbec Argentino 2005, talvez já esteja melhor. Será que ele vale como ingresso? kkkk
    Abs.

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    1. Rapaz, a turma tá pegando pesado mesmo. E ainda tem umas postagens atrasadas com muita coisa boa (inclusive um que você gosta muito: Chevalzão dos Andes...). Então, eu acho que o Nicolas novo agrada mais aqueles amantes de vinhos mais novo mundo, e provavelmente, muito o público americano. Mas já li vários comentários, inclusive no livro do Amarante, de que é sem dúvida um dos melhores vinhos sulamericanos. Mas ele se referia a safras mais antigas. Minha impressão é que ficará uma beleza daqui a uns anos. O duro é esperar...rs.
      Bem, o convite para uma vinda sua aqui já está feito! Será um grande prazer tê-lo aqui. E o Malbec Argentino 2005 é um grande ingresso!!!! rsrs.
      Grande abraço,
      Flavio

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  2. Flavio,
    Vc e o pessoal da tua Confraria não deixam a peteca cair, nunca.
    Abraço!
    PS: aproveitando o comentário do Vitor, aceitam meio-ingresso, tipo Toro Loco? Kkk

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    1. kkkkkk... Bem, eu vou sugerir uma coisa: Mudar de animal! De bovino, para equino... Que acha? rsrs...
      Mas o convite também está feito! E você já está escalado para o churrascão, sem chances de dizer não!!! rsrs...
      Abração,
      Flavio

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