A noite estava quente, e na verdade, muito mais apropriada para cervejas geladas que para vinho... Mas a turma estava ansiosa para se reencontrar, e muitos não abriam mão de tintos. Eu queria uma noite só de brancos, mas só convenci o Paolão, que abriu a noite com um Paul Jaboulet Aine Secret de Famille Viognier 2009. O vinho é feito com uvas de vinhas de baixo rendimento e não passa por madeira. Ao nariz, mostra notas florais, cítricas e minerais, que se repetem em boca. É bem seco e muito fresco, com um fundinho levemente herbáceo. Excelente para um dia quente e fácil de beber. Dá para beber sozinho ou é claro, acompanhar um bom peixe. Um bom vinho de Paul Jaboulet. Importação: Mistral.
Depois dele, abri o que levei, um Jean-Max Roger Sancerre Cuvée Vieilles Vignes 2006. Que bela surpresa! Peguei este vinho há uns dois anos, em um bota-fora da World Wine. Bem, o preço cheio era salgado, mas na promoção estava mais palatável. E a bela garrafa trazia dentro dela um líquido dos bons. Sauvignon Blanc de primeira, feito com uma mistura de uvas de vinhas velhas, de diferentes vinhedos. Com seus 8 anos mostrava um frescor impressionante. Vinho com notas de frutas cítricas, florais e um fundinho de baunilha aportado pela passagem de parte (20-30%) em barricas de carvalho de 400 litros. É um vinho fresco, sedoso, que foi crescendo com o tempo. Excelente! Que pena que comprei só uma garrafa. Todos gostaram, mas o Paolão adorou! Disse que tomaria a noite inteira...rs. Eu também!
E aí, começaram os tintos... Turma louca... O calor estava bravo. Mas ninguém reclamou, pelo contrário...rs.
E logo de entrada, um Purple Angel 2010, de Aurélio Montes, levado pelo Thiago. Um Carmenére com uma pitadinha de Petit Verdot, que matura 18 meses em barricas novas de carvalho (50% Francês e 50% Americano). Vinho denso, encorpado, com aqueles aromas apimentados da Carmenére em meio à fruta madura. Opulento em boca, mas sem ser enjoativo. A acidez é correta e os taninos firmes. Vinho para muitos anos de guarda e que sem dúvida deve ganhar com ela. Mas mesmo novo, estava muito bom. Carmenére dos grandes.
E depois veio o JP com seu vinhão. O cara apelou...rs. Não brinco mais! Levou um Aalto 2009. Este vinho dispensa comentários. É um vinho dos grandes e que sempre agrada. É feito com uvas de vinhedos de 60 a 100 anos de idade, e passa 24 meses em barricas de carvalho francês e americano. É denso, carnudo, com notas de cereja preta, balsâmicas, café, chocolate e alcaçuz. O final de boca era interminável e muito bom. Um vinhaço! O JP começou o ano disposto a não levar prá casa o troféu Boi Doido. Pelo contrário, quer brigar pela ponta...
O Rodrigo levou um vinhão da chilena Perez Cruz, o Quelén 2009. O vinho é um corte de Petit Verdot (44,4%), Carmenére (29,7%) e Malbec (25,9%), e passa 14 meses em barricas de carvalho francês. É a segunda garrafa que bebemos dele recentemente (a outra, ofertada pelo Caião, virá em postagem posterior, que está atrasada...rs). E nas duas oportunidades, notei a mesma coisa, compartilhada com outros confrades: Goiaba! Muita goiaba. Como se cortássemos uma boa goiabona vermelha alí, na hora. Impressionante. Sufocou bastante os outros aromas. Com o tempo, foi diminuindo, o que talvez indique que uma decantação pudesse ajudar. Em boca é concentrado, mas bem sedoso. A goiaba aparece também. Minha dúvida é: Será que com adega esta característica vai mudar? Não que ele não estivesse gostoso, mas eu preferia que a goiaba desse chance a outras nuances. O vinho está muito diferente de seu irmão 2008, já comentado aqui no blog (clique aqui).
E o Tonzinho, que chegou um pouco atrasado, trouxe debaixo do braço um grande Protos Gran Reserva 2005. A vinícola se gaba por ser a primeira de Ribeira del Duero, daí o nome "Protos", que vem do grego, primeiro. O vinho passou 24 meses em barrica de carvalho e 36 meses em garrafa antes de ser comercializado. Este, da grande safra de 2005, mostrava-se austero, até com uma certa rusticidade. A madeira aparecia e as especiarias davam o tom, em meio à fruta. Pode fazer algumas pessoas torcerem o nariz, pelo lado meio rústico. Por isso, acho que deveria ter sido decantado por um bom tempo para se equilibrar. Ao ser aberto, é nervoso...rs. É vinho complexo, dos grandes. Ah, se gostei? Que pergunta...rs. Valeu Tonzinho!
Bem, começamos bem o ano. A perspectiva é que nossas reuniões sejam regadas a grandes vinhos, como têm sido nesses últimos anos. É esperar prá conferir.
Bem, começamos bem o ano. A perspectiva é que nossas reuniões sejam regadas a grandes vinhos, como têm sido nesses últimos anos. É esperar prá conferir.
A taça do Sancerre Paul-Max Roger: Bela cor, belo vinho... |
Flávio, vc já experimentou o Chaski? Outro dia provei e, embora tenha achado muito bem feito (como o outro Peres Cruz que já bebi, o Liguai), apareceu aquele herbáceo típico chileno, o que me incomodou. Não esperava em um petit verdot. Agora achei curioso, pq pensava que a goiabinha era exclusividade dos pinots. Grande abraço, Cristiano
ResponderExcluirOi Cristiano,
ExcluirEu experimentei o Chaski uma vez, em uma degustação. O que senti, na ocasião, é que era um bom vinho, austero, mas que precisava de adega (ou na ocasião, pelo menos de umas 2 horas de decanter). Também senti o herbáceo chileno, talvez aportado pela pitada de Carmenére que ele tem. Sabe como é, Carmenére deixa o rastro...rs. A pimenta tá lá, firme...rs. Então, este Quelén tem uma goiaba patente. E olha que foram duas garrafas em curto espaço de tempo, mostrando a mesma característica.
Você lembrou bem dos Pinot Noir goiabinhas, como diz um amigo aqui. Um que me lembro de sentir esta característica foi o Amayna. Mas têm vários chilenos com esta característica, né?
Abraços,
Flavio
Ah, Cristiano, complementando: O Quelen 2008 que bebi não tinha esta característica tão evidente.
ExcluirAbs
Pessoal de todos os vinhos ai demonstrados meu preferido é o AAlto. Vinho complexo com taninos finos e que te coloca a pensar. Agora se tiverem oportunidade provem o AAlto PS, esse com certeza vc tem que se ajoelhar e agradecer a DEUS por essa oportunidade. Abraços!!!!
ResponderExcluirCaríssimo Mario,
ExcluirMuito obrigado pela visita e comentário. Concordo com você em gênero, número e grau! O Aalto é um vinhão! Eu ainda não bebi o PS e é uma falha que tenho no curriculum...rs. Mas que espero logo repará-la! Tem um amigo que sempre me diz que é um super vinho. Com seu reforço, o terei como próximo alvo.
Abraços!
Flavio