segunda-feira, 7 de março de 2016

Gravner Rosso 2004: Um grande vinho!

Esse é o terceiro exemplar de um vinho de Josko Gravner que eu aprecio. Recentemente apreciei um Rosso 1999, ofertado pelo Akira, e um branco Ribolla 2005, que ainda não publiquei aqui no blog. E fico cada vez mais impressionado com a qualidade de seus vinhos, tanto dos tintos, quanto do branco, que muitos dizem ser "laranja", mas que nem o próprio Josko gosta de designar assim. Mas independente disso, os vinhos Gravner são demais. 
Como já mencionei na outra postagem, que tratava do exemplar tinto de 1999, Josko Gravner é um produtor que foge do trivial. O esloveno radicado no norte da Itália, região de Friuli-Venezia Giulia, é mais conhecido pelos seus vinhos "laranja", brancos fermentados por longo tempo em ânforas de terracota juntamente com as cascas e que ganham uma coloração alaranjada com o tempo. São só 18 hectares de vinhedos, sendo alguns, na sua pátria, a vizinha Eslovênia. Sua produção é a chamada natural, com pouca intervenção. Mas embora ele seja até mais conhecido pelos vinhos brancos, ele produz também grandes tintos. 

Este Gravner Rosso 2004 vinho é feito majoritamente com Merlot e um pouco de Cabernet Sauvignon. A fermentação é feita em tinas de carvalho abertas, por 21 dias, pelas leveduras das próprias uvas. A maturação ocorre em barricas de carvalho de 200 litros por longos 48 meses. Para preservar as características do vinho, o engarrafamento é feito sem clareamento ou filtração. A produção é pequena, de pouco mais de 3.000 garrafas. Descorchei o danado e vi que a rolha estava perfeita, novinha, pronta para aguentar ainda muitos anos. O vinho tinha uma cor rubi bem viva e brilhante. Ao nariz lembrava muito seu irmão de 1999, com muita riqueza. Notas de cerejas pretas, cassis, café, alcaçuz e minerais. Foi evoluindo e mostrando notas mentoladas, herbáceas e animais. Em boca era seco, com belíssima acidez e mineralidade. Nada de peso e superextração. Mostrava intensidade, mas muita elegância, com destaque para sua grande clareza e final que não acabava nunca (assim como a vontade de beber mais uma taça). Um vinho sensacional! No ano passado, quando bebi o 1999, comentei que foi um dos melhores do ano. Agora, ao beber o 2004, repito o comentário. Se tiver a oportunidade um dia, experimente um Gravner tinto. Dificilmente alguém não ficará impressionado com a sua grandeza. Este vinho teve um detalhe que o deixou ainda mais especial: Foi presente de minha irmã mais velha, que o trouxe da Enoteca Costantini, de Roma. Ficou preocupada se eu iria gostar...rs. Obrigado, Daínha! Acertou em cheio no presentão!

Nota: Como os leitores podem ver, mudei o título da postagem e também tirei uma frase que falava do uso de adjetivos para vinhos. Fiz isso por que um leitor anônimo reclamou, dizendo (entre outras) que eu já havia dado o meu recado em relação a isso. Concordei com ele, apesar de achar que faltou elegância em seu comentário. Por este motivo, e por ter comentado como anônimo, dei-me o direito de não publicar o referido.
No entanto, concordo que vinhos com preços "salgados" têm obrigação de agradar. Talvez eu passe a publicar apenas sobre vinhos de preços mais palatáveis e que agradem, incentivando o seu consumo. Mas aí, como privar da leitura aquelas pessoas que gostam de ler sobre grandes vinhos? Pensarei sobre o tema... 
Por outro lado, devemos sempre considerar que vinhos que custam uma fortuna aqui podem ser encontrados a preços justos fora (ou então adquiridos em promoções - quando elas são verdadeiras). Assim, é sempre bom ter dicas sobre eles, para que em uma oportunidade, coloquemos na cesta.

6 comentários:

  1. Caríssimo Flávio, penso que vc sempre faz uma grande favor a nós que apreciamos o vinho. Fico muito feliz de teres voltado a publicar suas impressões e opiniões sobre o tema, impressões que são via de regra meus guias para compra, sem um erro até o momento. Infelizmente vivemos em um país que nem todos podem comprar os vinhos de alta gama, boa parte de suas postagens me deixam apenas com a vontade, mas são altamente relevantes por tratarem do vinho como um todo, a forma como explicas e descreves os vinhos bebidos, pelo menos a mim, deixa a impressão de ter bebido tb... grande abraço e grandes vinhos amigo!!!

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    1. Caríssimo Hélio,
      Muito obrigado pela mensagem, meu amigo! A sua visita e comentários sempre me deixam muito felizes. Quem visita o blog sabe que, embora ele contenha na maior parte das vezes, vinhos tops, eu fico muito contente quando posso comentar sobre um vinho de bom preço e de boa qualidade. Eu tenho a felicidade de ter confrades que sempre levam vinhos grandes (e com os quais me junto para comprar vinos mais caros). Bem, todos viajam sempre e trazem as malas cheias de vinhos bons. Eu, viajo as vezes e tenho alunos e colaboradores que sempre me trazem vinhos de fora. Por outro lado, sempre ficamos de olho em promoções de verdade para comprar vinhos que não compraríamos a preços normais. Todos sabemos que comprar vinho no Brasil é um grande desafio. Mas dá para achar de vez em quando coisas boas a bons preços. Quer ver uma oportunidade? Entre no site http://www.momentodovinho.com.br/sale e veja a promoção que estão fazendo. Os brancos de Barmes Buecher são incríveis! O Vadoeiro Syrah, por 68 Reais, é uma belíssima compra. O Porto Vintage Duorum Vinha do Castelo Melhor 2008, por 89, é mais barato que no exterior, e é um grande vinho. Esses são apenas exemplos... O que me deixa alegre mesmo é quando bebo um belo vinho comprado a bom preço.
      Bem, meu amigo, eu estou aguardando mesmo é o dia em que poderemos sentar e tomar umas belas taças juntos. Já o fiz com alguns amigos do blog. Falta você!
      Um grande abraço,
      Flávio

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  2. Será um prazer meu caro! Se vier a Brasília novamente não exite. Falando em dicas vou deixar a minha Chianti Castello di Volpaia Riserva. Numa degustação às cegas que fizemos no restaurante Francisco, com a presença de seus sommeliers e outros grandes apreciadores de vinho, cuja o tema era Brunello, Rosso ou Chianti, esse vinho foi eleito o melhor, com um pequeno detalhe, ninguém acertou que era chianti, todos disseram se tratar de um grande Brunello.

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    1. Opa! Valeu a dica! Quero beber um dia esse Volpaia! Vendem na Winemeup, né?
      Abraços,
      Flavio

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  3. Valeu pela dica da promoção, Flávio. Não conhecia esse site. Vou ficar de olho daqui pra frente. Seria ótimo ter notícias sobre promoções como essa aqui no blog. Abraço.

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    1. Oi Felipe,
      Na medida do possível, colocarei no blog algumas dicas. É que geralmente, acabam logo os vinhos. Quando sai a postagem já foi...rs. Mas sempre que der publicarei algo.
      Abraços,
      Flavio

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