Minha Mãe Madalena

Esta foto mostra bem o que era minha Mãe Madalena. A baixa estatura era apenas física - Ela tinha um espírito gigantesco. Imaginem uma senhora de 75 anos, portadora de diabetes, hipertensão, colesterol alto, triglicérides idem, etc..., sentar na garupa de uma moto e enfrentar perto de 300 km diretos, em uma estrada sinuosa e não muito amigável, saindo de Minas até chegar em São Carlos. Isso em dias em que estava tendo descompensações... Para realizar tal façanha, com meu irmão caçula, ela saiu de nossa casa em Passos com ele dizendo que iria à sua casa. Quando ligou para meus outros irmãos, já estava aqui, transbordando felicidade e escancarando um sorriso imenso em seu rosto de pele clara e rosada. Chegaram na hora do almoço e voltaram no dia seguinte as 7h00 da manhã. Confesso que eu não aguentaria. Mas ela, sim. Isso foi pouco para quem suportou 75 anos de uma vida dura, para criar 5 filhos com muitas dificuldades. E neste dia das Mães, fica para mim a lembrança de sua última vinda à minha casa, chegando na garupa de uma moto. 

Tempos atrás, no aniversário de meu Pai, o comparei a um Barolo, sisudo, fechadão, mas com um coração de criança. Não consigo encontrar um vinho para comparar com minha Mãe. Talvez a elegância e a unanimidade de um grande Champagne? A força de um grande Brunello? A persistência de um grande Borgonha? A doçura de um Sauternes? Na verdade, neste dia de hoje, eu só queria que ela tivesse a longevidade de um Porto Vintage, pois há exatamente 15 dias ela nos deixou... E meu coração está partido e cheio de saudades neste primeiro dia das Mães que passo sem ela. Te amo, minha Mãe Madalena!!!